terça-feira, 18 de março de 2008

beijos

“Achei sempre alguma coisa de tocante na obra de um realizador de cuja obra só gosto moderadamente, George Stevens. Em A Place in the Sun, há um sentimento profundo de felicidade que muito raramente se encontra noutros filmes, inclusive filmes muito melhores. Um sentimento de felicidade simples, profano, um momento com Elizabeth Taylor. E quando descobri que Stevens tinha filmado os campos, e que nessa ocasião a Kodak lhe tinha dado os seus primeiros rolos de película 16mm colorida, percebi como é que ele pôde fazer esse grande plano de Elizabeth Taylor irradiando uma espécie de felicidade assombrada...”

Jean-Luc Godard

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São esses os momentos geniais de um filme moderadamente académico, tudo no lugar, mais do que clássico.
É onde tudo está, no rosto de Taylor e de Clift que no filme se comem literalmente, como afirmou Bazin.
Nos longuíssimos encadeados, em momentos perfeitos – como em Ray – na tortura do rosto de Clift onde tudo se joga, a dor das coisas que não vão durar muito.

Todo o filme, a partir da aparição de Taylor, está á beira da rotura, sempre em fuga para a frente – o provisório a dominar o todo, a felicidade assombrada.
É a profunda felicidade perigosa, prestes a explodir que nos amarra o filme todo.
Toda a relação que Godard fez transportam a obra do realizador para outras dimensões.
Mas os beijos, os putos dos beijos neste filme, foda-se, algo assim só em Partie de campagne de Renoir ou Notorious de Hitch…
A arte dos beijjos, há tanta gente aí que podia aprender estas coisas....

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