terça-feira, 25 de março de 2008

Pulsão



"I want to make movies. I have to make movies," he says. "The reason I don't make more movies is that I want to live life in between. I give it all to the movies, and it's like I'm climbing Mount Everest every time. When I get off the mountain then I want to be able to enjoy some time in the chalet at the bottom."
Quentin Tarantino



“Se fizer um movimento de câmara, como faço às vezes, tem de haver uma razão, tem de ser diferente de tudo o resto que já foi feito, sempre, e estou a incluir o John Ford, o Ozu, todos. Se não conseguir vou para casa e vou dar com um pau na tola e tenho que fazer melhor para a próxima. Tem de haver qualquer coisa que nunca foi feita. Isto é um bocado pretensioso, mas... nunca foi feita, para mim.”


Pedro Costa
...
Já fiz esta comparação uma vez, sei que é arriscada, mas é a ideia de que para estes homens fazer um filme não é mera rotina – é sim uma questão de tudo ou nada.
Poderia citar o Pedro Costa, quando ele disse a certa altura que gosta de Tarantino, a questão é ele não querer que a sua maneira artesanal de fazer filmes desapareça.
Claro que é isto, mas é obviamente mais, para estes cineastas, embora de maneira oposta, é preciso tempo.
No caso de Tarantino para ver todos os filmes e mais alguns, para viver em sítios que levará para os seus filmes e para conseguir diálogos que a pessoa comum não consegue – é ficção, é pulp…mas pode não ser nada disto.
Costa como sabemos, para ele a história dos filmes já está, e aqui arrisco, como que apreendida, o que lhe interessa é passar tempos com as pessoas que vai filmar, conhece-los a fundo, sentir o peso e o cheiro do mundo que vai filmar, dos anos onde se vai, literalmente, instalar.
Poderia ainda dizer que para Tarantino é uma constante reinvenção pela história dos seus filmes, os que encontra e os que realiza, e da vida que vive entre um e outro.
Para Costa, com a história segura, é uma questão de apuro na sua relação com um mundo que mais ninguém se interessa.
Ambos apresentam filmes de anos a anos, demoram-se na concepção, ou seja, nada pelo dinheiro, é uma questão de vida.
É pulsão, a ideia que a arte e a vida são uma e a mesma coisa.

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