sábado, 5 de abril de 2008

Ford again

Cahiers du cínema: Gosta da cor?

John Ford: Não. A cor é demasiado fácil. É preciso ser um verdadeiro cameraman para fazer o preto e branco. Prefiro o preto e branco, mesmo em fotografia. As pessoas dizem-me «Está doido». E no entanto é a mais bela foto, mas a produção pensa que é preciso filmar a cores. Foi o que fiz para o meu último filme, Seven Women. Mas a produção não apreciou o filme. Não tinha vedetas. Contudo, Ann Bancroft e Margaret Leighton são grandes actrizes. Penso, aliás que é uma das minhas melhores realizações, mas o público não apreciou. Não era aquilo que queriam.
Cahiers du cinéma nº 183, Outubro de 1966, tradução de M. S. Fonseca, in Catálogo da Cinemateca dedicado a John Ford, 1984
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Não vou falar de Seven Women, o filme ainda é demasiado complexo e há que rever mais vezes, apesar de concordar que é o mais Mizoguchiano dos filmes de Ford (aquele final) e que Bancroft é como se fosse Duke Wayne, ou se calhar um Stewart com pelo na venta, por aqui justifica-se o titulo.
Escrevo sobre Drums Along the Mohawk de1939, primeiro filme a cores de mestre Ford. Ponto máximo da Americana e…da utilização da cor – o homem que achava fácil criar a cor excedeu-se e abriu a brecha para todos os milagres que viriam depois.
Cor rica, densa, cheia de gradações, mas nunca excessiva ou pastosa.
E insisto, a fuga final de Fonda, todo o monumental (a palavra peca por escassa) tour de fource de montagem, de portentosa castração do meio (=enquadrar), todo o ritmo ofegante, a monumental orquestração de tudo isto, etc…não é só a outra brecha por onde entrou o cinema-acção (de Lang a Fuller, até Scorsese) no sentido mais rotineiro da palavra, é sim toda a escola que os Bays, os Scotts, Emmerichs e todos esses pseudo-géniozinhos deveriam estudar, ver as tal 40 vezes que Welles viu Stagecoch de Ford. Literalmente e sabido que naquela época não existiam Affter effects, Mac´s e coisas mais caras.

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