quarta-feira, 21 de maio de 2008

- entre Kiarostami e Rohmer -


Há um curioso link entre dois dos filmes que mais gosto, Close-Up de Abbas Kiarostami e Conte d'automne de Eric Rohmer.
Por um lado aquilo que tenho vindo a insistir, ou seja, ao ritmo do cinema, estas duas obras impõe o ritmo da vida. Como são tão importantes os percursos nos dois filmes, tão fulminantes de vida: o carro e a mota, a mota ou o carro.
Em Kiarostami pensemos no plano sobre a mota em que o som vai falhando, em Rohmer nos créditos finais colocados sobre o baile até ao último segundo. Uma e a mesma coisa: uma espécie de negação filmica em direcção à corroboração da realidade como principal fonte de qualquer construção de cinema.
Depois, no espaço oco ou invisível, as pontas de cinema, mais como ditério do que outra coisa qualquer.
Em Close-Up havia o suspense Hitchcokiano da cena em que o impostor é identificado e preso, toda a linguagem utilizada ia nesse sentido.
Em Conte d'automne o que mais se destaca é uma espécie de utilização de secantes paralelas que se vão detonar a certa altura, já não no sentido de Griffith, sim qualquer coisa a ver com o sentido quase pós moderno, muito anos 90.
Na soma ou na ressaca, o que fica é a insuflação da vida, e é por isto que o cinema destes é algo tão simples e ao mesmo tempo intricado.

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