quarta-feira, 4 de junho de 2008

"E veja-se como para Ford importa menos o "plano" (embora não haja nenhum plano menosprezável, estética ou dramaticamente) do que a "sequência", que tudo se decide no tempo e pelo tempo, através de uma progressão "invisível", para a qual, na sua discreta fluidez, a montagem tem papel preponderante."

...

Só não concordo com esta parte. Ford é o cineasta de tudo, do todo. Do enquadramento, do plano, da sequência, do mundo. Nada é desprezado e tudo é feito por inteiro. Cada quadro tem o peso do universo e a pulsão de todo o humano, seja isto o que for.
Nunca haverá, diga-se o que se disser, um cineasta tão total na história do cinema ou na história da arte em geral. Ponto.

(nada disto é critica a L.M.O, que é, de muito longe, o único critico (Vasco Câmara é o único que se aproxima, depende da semana) com fogo e capaz de respeitar o cinema, a sua história e as várias problemáticas…o resto é cantiga)

2 comentários:

  1. Têm os dois razão. É que é exactamente por Ford ser um (o?) cineasta total que as sequências são mais estruturantes do que os planos. Ele fazia "motion pictures"... A invisibilidade de que o Luís fala é aliás muito americana (no período clássico, claro): um estilo sem sublinhados ou arestas visíveis, muito subtil e muito rico. O mesmo podia ser dito sobre Hawks. O quadro para ser observado na sua individualidade e o corte para ser notado são mais europeus (e soviéticos).

    Um aparte provocatório: é bom ver imagens de PLANET TERROR no teu blogue. É muito melhor que o filme do Tarantino...

    Outro: gostei do teu "sonho" para uma Cinemateca diferente. Mas espera sentado para não te cansares. (E este amigo da Cinemateca, com quotas em atraso, escreve isto com alguma tristeza.)

    Abraço

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  2. claro que o Luis têm razão, eu é que assisto a cada quadro de Ford como se de um soco (ou um gesto de amor) se tratasse...

    ahahah...já sei do teu "desprezo" pelo tomo do Tarantino (cinema 2000), mas é como já disse, gosto muito dos dois e, ainda por cima, acho que se completam muito bem (um mais teórico, outro mais divertido), acho um milagre terem feito estes filmes...

    A Cinemateca...enfim, é apenas a minha opinião, o meu gosto.

    (já agora se o Luis quiser dizer se isto alguma vez será possivél, está à vontade...)

    Abraço

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