Phenomena é foda mesmo. Sobre os belos posts abaixo:
Desde que vi a primeira vez, fiquei tarado por Night and the city. Cinema do corpo na verdadeira ( e quase pornográfica) acepção da palavra. E o monólogo final ( na verdade, o filme é composto de monólogos, Fabian é um fantasma, refugiado no oimbo de seu ideal; como todo fantama, impenetrável, com muito passado e nenhum futuro, está condenado portanto à repetição das mesmas performances, à repetição tout court: Night é um filme de performer e de seus palcos)é a porta para o cinema moderno, cinema onde a encarnação só se completa na encenação.
Com relação ao fantástico Eyes do Kubrick, José, concordo com tudo que dissestes; só acho que é difícil, nesse filme, assumir o corpo e o desejo do outro basicamente por um motivo: este corpo- corpo a princípio ideal: lindos, ricos e famosos, como eram Cruise e Kidman, e é por isso que Kubrick escolhe o casal de ouro- este corpo está cheio de Morte, é um fantasma projetado pela Morte. Repare: a cada vez que Cruise vai concretizar um projeto hedonista, de afirmação de sua vaidade e dos valores a ela adjuntos- os valores do nosso mundo de hoje, vê-se logo- ele encontra a Morte: o primeiro beijo na filha do paciente morto no quarto ao lado; a puta assassinada, a puta morta de Aids- a a prostituilção, desde o decadentismo sifilítico de que é herdeiro Schniltzer, autor da novela, é a chaga culpada e culposa do prazer europeu-, este hedonista com o qual afinal é difícil qualquer um que aspire à vida- e não à cultura- se identificar, é o signo, para Kulbrick, de nossos tempos. Um tempo em que a hemoptise precede necesariamente a gozada, como nos textos decadentistas aliás. Em que a morte assume diversas máscaras ( as máscaras no travesseiro...), sem se fixar em nenhuma... ... Niilismo da cultura então, nada de indivíduo. Ninguém consegue encarar o filme de Kubrick, este petardo niilista de uma lucidez assustadora, sem querer "fechar os olhos". Para Kubrick, o gozo não é a apenas "la petite mort", mas a maior, a institucional: basta ver a que o hedonismo doentio nos levou na figura de uma Britney Spears ( afe!).
do caralho, verdadeiramente.
ResponderEliminarum filme a figurar no top 20 de todos os tempos fácil, fácil.
ResponderEliminarPhenomena é foda mesmo.
ResponderEliminarSobre os belos posts abaixo:
Desde que vi a primeira vez, fiquei tarado por Night and the city. Cinema do corpo na verdadeira ( e quase pornográfica) acepção da palavra.
E o monólogo final ( na verdade, o filme é composto de monólogos, Fabian é um fantasma, refugiado no oimbo de seu ideal; como todo fantama, impenetrável, com muito passado e nenhum futuro, está condenado portanto à repetição das mesmas performances, à repetição tout court: Night é um filme de performer e de seus palcos)é a porta para o cinema moderno, cinema onde a encarnação só se completa na encenação.
Com relação ao fantástico Eyes do Kubrick, José, concordo com tudo que dissestes; só acho que é difícil, nesse filme, assumir o corpo e o desejo do outro basicamente por um motivo: este corpo- corpo a princípio ideal: lindos, ricos e famosos, como eram Cruise e Kidman, e é por isso que Kubrick escolhe o casal de ouro- este corpo está cheio de Morte, é um fantasma projetado pela Morte. Repare: a cada vez que Cruise vai concretizar um projeto hedonista, de afirmação de sua vaidade e dos valores a ela adjuntos- os valores do nosso mundo de hoje, vê-se logo- ele encontra a Morte: o primeiro beijo na filha do paciente morto no quarto ao lado; a puta assassinada, a puta morta de Aids- a a prostituilção, desde o decadentismo sifilítico de que é herdeiro Schniltzer, autor da novela, é a chaga culpada e culposa do prazer europeu-, este hedonista com o qual afinal é difícil qualquer um que aspire à vida- e não à cultura- se identificar, é o signo, para Kulbrick, de nossos tempos.
Um tempo em que a hemoptise precede necesariamente a gozada, como nos textos decadentistas aliás.
Em que a morte assume diversas máscaras ( as máscaras no travesseiro...), sem se fixar em nenhuma...
... Niilismo da cultura então, nada de indivíduo. Ninguém consegue encarar o filme de Kubrick, este petardo niilista de uma lucidez assustadora, sem querer "fechar os olhos".
Para Kubrick, o gozo não é a apenas "la petite mort", mas a maior, a institucional: basta ver a que o hedonismo doentio nos levou na figura de uma Britney Spears ( afe!).
Júnior, eu também concordo com tudo o que dizes, nomeadamente em relação ao filme de Dassin, "filme de performer" - perfeitamente.
ResponderEliminarquanto ao texto sobre o filme do Kubrick, eu gostava de ter escrito, mas é de João Bénard da Costa...
Cumprimentos