sexta-feira, 11 de julho de 2008

Georges Franju, o poeta


Les yeux sans visage, o filme que Franju realizou em 1960, é verdadeiramente o mais belo-horrivél filme do mundo. Nem a noção de sublime o aprisiona, nem ela nos salva.
Isto pois o filme estará mais perto de um transcendental que ecoa, precisamente, em Carl Dreyer.

Nesse indizível além corpo, junto ao tumulo. Sinfonia de mortos-vivos como nas peças atmosféricas de Jacques Tourneur, entre o sono e a vigília fluente, fazendo correlato com única longa-metragem de Charles Laughton.

E se só me ocorrem cineastas estetas é precisamente porque o filme é, indizivelmente, o mais belo e misterioso alguma vez feito. Conto de fantasmas, de horrores, de impraticáveis e do impossível. Franju é o poeta do terror total e de todas as reversibilidades/possibilidades além vida.

È uma obra inesgotável, entre o cemitério, o bosque e a terrível mansão-hospital. É obra para habitar absolutamente.

Por agora só tenho olhos para Edith Scob e para a sua personagem, que não tendo face é a mais humana e comovente.



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