quinta-feira, 10 de julho de 2008

sobre Žižek

Para recuperar um pouco da excitação de Pedro Mexia ao novo livro de Žižek (“fenomenal” reconhece; “inteligência esmagadora” proclama) na sua critica publicada no ípsilon, e que se pode ler aqui, algo completamente nos antípodas.

No blogue do Sérgio, a sua opinião sobre a super estrela da teoria do cinema actual (palavras minhas) bem como um ensaio de David Bordwell sobre os escritos do Esloveno.

Pelo meio uma referência a Stanley Cavell, esse sim a precisar de tradução.

7 comentários:

  1. Está aqui (http://usinesombre.blogspot.com/2008/07/em-nome-de-um-amor-verdadeiro.html) outra boa crítica ao livro.
    Quanto a sd-b, infelizmente, parece-me que não diz nada, limita-se a remeter para um texto de outra pessoa. Pelo menos PM pensa pela sua cabeça e fundamentou as suas opiniões.

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  2. A ideia do post era exactamente remeter para o ensaio de Bordwell (como o título desvenda, aliás).

    Os muito breves comentários que eu teço são fundamentados no texto de Bordwell, com o qual concordo no essencial. Não fazia sentido repetir os seus argumentos. A intenção era abrir o debate. Certamente não é uma crítica, publicada num espaço limitado dum jornal, que pode ombrear com a análise detalhada de Bordwell.

    Como disse, concordo no essencial. Mas o texto torna-se demasiado pessoal a espaços. É verdade que Žižek costuma responder dessa forma, mas não me parece que essa a melhor estratégia. Bordwell costuma ser mais cordial sem deixar de ser persuasivo (e devia tê-lo sido aqui também). Em relação a Žižek, às suas contradições, às confusas convicções, e ao modo como brinca: como perguntaria Kierkegaard, "Porque é que um pensador tão atarefado fala e pensa de um modo tão desrespeitoso sobre si próprio?"

    Voltando à "outra boa crítica ao livro". Outra? Não considero o texto de PM uma crítica. Não tem conteúdo analítico. Não há uma linha de discussão do que ele leu. É uma apresentação/divulgação a fazer-se passar por recensão. Os jornais estão cheios delas.

    O texto do Francisco é bem melhor (i.e., pelo menos é uma crítica). Não se encolhe perante o livro e analisa-o até onde sabe (expondo, entre outras coisas, o modo como Žižek cola bocados, deixa costuras à mostra, para produzir mais um livro e depois... queixar-se so capitalismo... chama-se a isto hipocrisia). Mas repare que o crítico não foi capaz de explicar duma forma inteligível as quatro teses de Žižek sobre a obra de cada um dos cineastas, descrevendo apenas algumas ideias mais ou menos vagas e inconsequentes. Não foi capaz, não por incompetência, mas porque estes ensaios não têm a claridade da grande filosofia. Aquela claridade que ilumina em vez de obscurecer.

    Com os melhores cumprimentos,
    SDB

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  3. 'É uma apresentação/divulgação a fazer-se passar por recensão.'

    100% em desacordo. Eu sei que há muita gente que não pode com o PM, mas ele faz critica literária e da boa. Não conservadora, certinha ou 'académica', o que encanita muita gente...

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  4. Caro l:

    Deixe-me desde já esclarecer que apresentação/divulgação não é má em si. Não disse mal do texto de PM, apenas expliquei que a designação é incorrecta. Já escrevi este tipo de textos quando era responsável pela secção de livros da Premiere. Penso que nunca ninguém confundiu os com críticas a livros de cinema. Se quer que lhe diga, acho que o texto de PM está impecavelmente escrito, como é seu hábito. Mas não lhe chame crítica.

    Relendo o que PM escreveu:

    Parágrafo 1: apresentação de Žižek como divertido, entre outras coisas; apresentação do livro editado em Portugal.

    Parágrafo 2: mais umas notas sobre o filósofo e a sua relação com o cinema; PM esboça uma pergunta que não chega a fazer, resposta nem vê-la, "Nalguns momentos, é lícito perguntar se estes textos mesmo sobre cinema, no mesmo sentido em que também perguntamos isso sobre os célebres livros de Deleuze; com efeito, Žižek usa e abusa dos filmes, fazendo digressões imprevisíveis e colagens de ideias estonteantes" (de qualquer modo, é óbvio que faltam algumas palavras, talvez no texto impresso ele faça a pergunta e responda, mas não creio).

    Parágrafo 3: apresentação da secção do livro sobre Hitchcock.

    Parágrafo 4: apresentação da secção do livro sobre Lynch.

    Parágrafo 5: apresentação da secção do livro sobre Kieslowski.

    Parágrafo 6: apresentação da secção do livro sobre Tarkovski, que começa com o tipo de frase que denuncia que isto não é uma crítica "Estejamos ou não convencidos" - PM não está definitivamente a avaliar os méritos do livro, numa crítica ele teria que explicar se está convencido e porquê.

    Parágrafo 7: finalizando, PM escreve como se estivesse a vender o livro ao leitor, "E no meio dos cineastas estudados, aparecem milhentas outras coisas: Kleist, a MTV, 'A Profecia Celestina', Ruth Rendel, Ivan Reitman, o Solidariedade, 'Os Pássaros Feridos', a sodomia, Yoda e Heidegger. Creio que não há ninguém que não goste ao menos de uma destas coisas."

    Onde está a crítica?

    Cumprimentos,
    SDB

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  5. PS

    "há muita gente que não pode com o PM, mas ele faz critica literária e da boa"

    Não sei se isto era para mim. Mas eu "posso" com PM, que até conheço pessoalmente. Há textos dele que acho desinteressantes (normalmente, porque os temas ou os objectos desses textos não têm qualquer interesse para mim). Não desminto que ele "faz crítica literária e da boa". Mas não o faz sempre. Não o fez certamente neste texto.

    Cumprimentos,
    SDB

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