terça-feira, 7 de outubro de 2008

Lindo. Estranhamente elíptico. A arte de Hou é a da simplicidade e mise-en-scène desta já está fora de moda e é susceptível de afugentar. Poética da acalmia. Não se usa filmar quase todas as cenas num único plano, num enlevo amoroso em que a câmara se seduz pela realidade e ao mesmo tempo por uma fantasia espectral (o pequeno filme seminal de Lamorisse e tudo o resto que está na obra posterior do cineasta).
E quando existem mais planos eles apenas servem para mostrar, ainda mais, o desalinhamento em relação às convenções. Arte do enquadramento, logo da importância e da preciosidade do fora de campo; do tempo e dos corpos. Pois se alguma coisa interessa em relação às outras são os corpos no espaço, o seu movimento e as suas expressões. Depois é um filme integralmente passado em Paris mas que não quer vender nada a ninguém.

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