A crítica francesa de então, à míngua de novos autores a defender e de novos territórios a conquistar, lançou-se, por um lado, numa campanha de “autorização” pouco criteriosa (com os abusos que conhecemos – Tim Burton, por exemplo, santificado com demasiada presteza? - e os esquecimentos: Michael Mann, provavelmente um dos maiores cineastas contemporâneos, alvo do mesmo descrédito de que Carpenter havia sido vitima) e por outro lado, confrontou-se com o seu grande mea culpa, exumando das catacumbas pletoras de cineastas, entre os quais Carpenter e alguns dos seus camaradas de armas.
Jean-Baptiste Thoret
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É verdade que esquecimentos terríveis sempre existiram, os cahiers da época de ouro só bastante tarde é que reconheceriam Ford como um dos maiores entre os maiores, por exemplo. É sempre um exercício estimulante esta coisa de tentar adivinhar os exageros e os esquecimentos desta revista, que digam o que disserem, continua a ser a mais discutida. Burton, Shyamalan ou Gray aparte, Mann continua a ser o grande mistério. Mais ou menos desprezado na américa, onde não aquece nem arrefece, continua também em frança a não sair das águas mornas. Para cada elogio de Assayas ou Resnais, uma estrelinha de Frodon e um texto escrito à pressa. Parece-me impressionante que mais ninguém se atire a uma obra contemporaneamente tão fascinante e inovadora, tão deslocada de tudo o resto. Por isso é que Jean-Baptiste Thoret continua a ser alguém tão singular na escrita cinematográfica - Carpenter, Romero, Hopper, Argento, Leone, Cinema americano dos anos 70 e Cimino em paticular, uma festa.
Ora, nada que espante. Também foram os Cahiers que elevaram Hitchcock, Chaplin ou Keaton como verdadeiros cineastas de autor, para além do já citado Ford. E se reabilitaram estes cineastas, esqueceram-se de outros...
ResponderEliminarQuanto ao Michael Mann, persiste de facto uma certa indiferença em relação ao seu trabalho. É um grande realizador, mas não exageremos a dizer que se trata do "maior cineasta vivo" como já li algures na blogosfera!