sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Não podia deixar passar isto em branco. “The Last Picture Show” é talvez o filme americano que eu mais gosto, não digo o melhor, digo o meu favorito e o que mais me comoveu. Dono de uma nostalgia e de um amor por um tempo, que na altura estava a acabar – o cinema clássico (e as gentes das small towns) – que sempre me atirou ao tapete. Como é possível esquecer a cena inicial, os dois putos – entre eles a personagem de Sonny Crawford, de facto, inesquecível – a serem gozados pela humilhação do jogo de basebol, o vento que sopra forte e as canções que tocam em cada bar? A cena em que os três vão de carro, com Cybill Shepherd mais luminosa do que nunca, de cabelo ao vento. Ou o momento em que o cinema local, naquela pradaria, exibe o seu último filme – “Red River”. Enfim, a minha cena predilecta talvez seja aquela em que Sam the Lion (Ben Johnson) conta das suas, junto a um lago, com os putos a escutar, fascinados. De arrepiar esta carta de amor a Hawks, a Ford, a Welles…

O Bogdanovich é dos mais lamentavelmente esquecidos, subestimados e arrumados, no cinema americano.

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