sábado, 6 de dezembro de 2008

Porto da Minha Infância
2001

A fotografia de rodagem de Porto da Minha Infância (em cima), antecede de poucos instantes o plano em que Ricardo Trêpa, um dos netos do realizador, se apresta em encarnar a figura do seu avô (em baixo). Tudo gira em torno de uma casa; ou melhor, tudo parte da sua ruína, «o fantasma da casa onde nasci», dirá o cineasta na voz-off. Casa de um único nascimento – o do próprio cineasta – e de uma única morte – a do pai – no mesmo dia em que, na mesma cidade, morreu o primeiro cineasta português (o outro pai?) – Aurélio da Paz dos Reis. À memória de Paz dos Reis dedica Oliveira o filme, e ele próprio o filmará numa sequência antológica e de ressurreição. Dessa casa, sobreviveu apenas uma fotografia, um sinal acidental do tempo que o cinema converte num verdadeiro sismo visual, afectivo e mental. Nunca no cinema nasceu tanto de coisa tão pouca.

J.M.G

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