Paulo Branco sobre Menahem Golan, entre outras coisas, produtor megalómano de Godard, Cassavetes, Romero, entre outros. De jóias como “Cobra”, Missing in Action”, “Bloodsport”, “American Ninja”, etc. E ainda realizador, dos bons: “The Delta Force”, “Over the Top” e outras coisas preciosas. Como disse Paulo Branco: uma personagem enorme.
Realmente, eu estava numa embrulhada muito grande. O projecto arrancou, filmámos uma parte em 35mm e as outras três em 16mm. No meio da rodagem, comíamos todos no Tobis Bar, que pertencia ao pai da minha secretária, a Carmo, de maneira a ter crédito; nem dinheiro tínhamos para táxis, andávamos todos de metro! E continuava-se a rodar. Peguei em meia dúzia de fotografias, e fui a Milão. Era a primeira vez que eu ia a um mercado internacional, e às oito da manhã, cheio de energia, encontro uma pessoa a quem disse que estava a filmar "Le Soulier de Satin", um projecto fantástico, de quatro horas, que ia estar em Cannes! "Quanto é que tu queres?" "Preciso de dinheiro para acabar o filme." "Quanto? Vem cá, e assinamos." Era o Menahem Golan, que tinha a Cannon, e que estava no mercado a avançar por todos os lados. Era um personagem enorme, e ficou com os direitos internacionais do filme. Fez um contrato com o Godard num guardanapo!
Como é que esbarrou com a pessoa certa?
Não faço ideia! Foi daquelas coisas. Soube que nessa noite ele tinha tido acesso a um crédito, no Credit Lyonais, de cem milhões de dólares para investir em filmes. Eu fui a primeira pessoa que apareceu depois de ele ter tido a notícia! Por isso é que há um negativo do "Soulier" na MGM.
O último grande produtor.
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