sábado, 21 de fevereiro de 2009

Inclui mesmo algumas cenas de "Koroshi no Rakuin" (1967), de Seijun Suzuki, um dos meus filmes preferidos: a do assassínio no aqueduto e a da borboleta. Também tem referências a "Le Samurai" (1967), de Jean-Pierre Melville. São homenagens, porque a minha intenção não era fazer um remake de "Le Samurai", mas o meu próprio filme, sem ter medo de recuperar ideias dos outros. É por isso que, no filnal do filme, agradeço a todos quanto me inspiraram: o personagem de Walker que Lee Marvin interpetava em "À Queima-Roupa" (John Boorman, 1967) ou Don Quixote, um cavaleiro andante que acreditava num código de cavalaria e não se enquadra no mundo em que vive. Também há referências directas a Frankenstein, à cultura hip hop e ao rap. O filme é uma colagem.

Jim Jarmusch

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Estava a ver um filme de Suzuki, não o referido mas sim “Tôkyô nagaremono”, do ano anterior, e não pude deixar de me lembrar constantemente do “Ghost Dog” do Jarmusch. Do filme e também das palavras acima transcritas, sabia que o americano tinha ido lá beber. Não curto a palavra pós-modernismo, já fiz questão de o dizer, portanto acho que o que Jim fez nesse fabuloso filme é aquilo que estamos (?, enfim...) sempre a fazer, aquilo que certos grandes cineastas não tem medo em assumir - um ter consciência de uma história e de um legado, o tal dado adquirido que anseia sempre por um novo ponto de vista. Isso e um insuflar com vida, com ar do tempo, com o outro. É por isso que posso ver 1000 vezes estes filmes de Jim, é por isso que não me faz nada mal a sensação de que eles parecem tão leves que logo se desfazem no ar. Têm lá todo um legado reconhecível, mas também tem todas a hipóteses de auto reconhecimento e de conhecimento alheio. Tão focalizado mas tão mais universal do que qualquer coisa de um desses filmes-puzzle que não necessito de dizer o nome.

O filme de Suzuki? De um lirismo doentio, lânguido, arrastado. Enquadramentos que podem definir o formato largo, cores lindas e dramaturgicamente muito fortes, golpes de raiva na movimentação de câmara que quase faz lembrar o meu americano favorito, etc. Sim, tudo isto, um cineasta de génio, mas…e levo isto assim na inocência, quero rever e rever o Ghost Dog. Não tenho culpa. Não pára de crescer.

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