terça-feira, 3 de maio de 2011


"Judge Priest" é como tantos outros filmes de Ford, uma série de delirios narrativos, um desfilar de singelezas, lugares perdidos da infância, uma bela acumulação de alegrias, tristezas, nascimentos e fins. Um despreendimento total, tal como "She Whore a Yellow Ribbon", o filme a vermelho, era sobre o altivo capitão Wayne que olhava para o reléogio e nesses hiatos não dava tréguas. Pode ser e é uma coisa seríssima, o retrato de um homem honesto que não embarca em artimanhas nem em golpes baixos para ser reeleito – tal como depois "The Sun Shines Bright", a mesma retidão e jouissance – e que tem o coração mais puro do mundo. Ajuda o sobrinho advogado no seu primeiro caso e vai até às últimas consequências para a justiça ser feita. Mas, porra, momentos supremos saõ aqueles em que ele se lembra da sua juventude e faz de tudo para o rapaz conquistar a rapariga que ele quer. A reforma pode estar perto, a inocêcia de puto, jamais. "Judge Priest" pode ser um drama, melodrama, comédia, filme ultra romântico, musical, filme de guerra, filme de tribunal e tudo o que quisermos ou não quisermos, isto é, se nos lançarmos "apenas" na grande aventura do cinema e fruirmos...a palavra lancinante para qualificar tal humanismo é escandalosamente insuficiente. Até aos ossos.


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