segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015


 "American Sniper", Clint Eastwood, 2014


- os tiros no campo de batalha; os tiros no lar.

- a mira na carne; a mira no desconhecido.

- a oração a sobrepor-se à guerra; o som da guerra a entrar no sono. 

- o angelical olhar final pela porta como um pressentimento de Mãe e o corte seco e subtil que baixa à terra.

- a culpa e a inocência num só corpo.

Sempre fiel. Todo o grande cinema americano e primitivo, que é toda a moral humanista e justa, na maneira de seguir um homem entre muitos, que desgraçado ou estralhaçado, tem uma missão a cumprir. Faz-se o que se tem a fazer entre a espada e a parede, todo dentro, até ao fim, e a perdição e a cruz (desmarcação das águas-mornas e mais-valias do “novo”, oposto do cadavérico “contemporâneo” que também se diz “sensorial”, finalmente contra o Poder castrador e a publicidade seu par). Esse homem ama desmedidamente uma mulher, mas o horror clama-o.


Escolhe-se um lado, um ponto de vista, para que se veja bem na acção e na estupefacção, e para que o contra-campo tenha todas as razões e contradições igualmente asseguradas (Flags of Our Fathers/Letters from Iwo Jima). Como Griffith, Ford ou Cimino, e Fuller (talvez fundamentalmente Fuller - "You cannot alibi"), cada um, cada qual, é um mundo, de onde direitas, esquerdas, cimos e baixos, dentros ou foras ficam para os demagogos (e esses sim reaccionários, e culpados, totalmente cobardes no sofá da teoria) que tais formas rectas dispensam.

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