quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Direito de opinião

Porque é que o Ridley Scott é possivelmente um dos piores realizadores do mundo?
É óbvio: pois com a frequência com que faz filmes, os milhões que esbanja em cada um deles, têm dado, nos últimos anos, largos – direi desde Blade Runner – sempre o mesmo resultado: filmes de merda.

E detenho-me somente em 3 exemplos, que considero dos filmes mais dispensáveis, que mais contribuíram para um novo-riquismo – tecnológico, fútil e grosseiro.
No fundo, completamente dispensáveis para qualquer avanço (deve ser o sonho do homem) ou algo novo, um desperdício de meios:

O gladiador é o exemplo máximo da incoerência e do mau gosto, câmaras lentas a torto e a direito, efeitos que ficavam bem nos anúncios da Vogue, sempre com o caralho do som, horrível e a puxar a lágrima – maior exemplo de manipulação melosa é impossível – bem como, e neste aspecto dou razão ao Vasco Câmara: aqueles separadores, o que é aquilo? Risível.
Penso que até a tvi já consegui algo melhor; o homem têm alguma noção do que é a duree em cinema?; que uma das suas grandes virtudes é a construção dos ritmos através da montagem… só tinha uma coisa que se aproveitava, e não era Crowe, era Phoenix.

E pois veio o mais espalhafatoso dos filmes de guerra que alguma vez vi, Black Hawk Down, é um imenso paroxismo de sofrimento: prai duas horas emergido numa manipulação que só tinha por objectivo convocar a dispersão, discurso: “a guerra é lixada, olhem para este caos, em que não vemos nadinha”…como demonstração do talento de Pietro Scalia na montagem - mas isso já sabíamos desde JFK - e das novas possibilidades das máquinas caras, está muito bem, de resto, não serviu para mais nada.

E depois veio aquele que pessoalmente considero como o mais grotesco filme de um suposto grande realizador: Kingdom of Heaven.
Épico pesadíssimo, feio, fotografia horrível, sem qualquer noção de durabilidade, de gestão de tempo ou de construção/recriação de uma atmosfera, actores terríveis…e mais palavras para este objecto jamais escreverei.

De resto é como diz o caríssimo Straub: “La soupe, La soupe”…mete-se umas musiquinhas, põe-se a câmara a mexer rápido ou lento - conforme a vontade e disposição - aumenta-se o volume sonoro, veste-se o fato e a gravata com a pose de grande épico, e já está…

Scott e Bay é a mesma coisa…e onde andam nomes como Kathryn Bigelow ou John McTiernan?

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