É o plano final de Chikamatsu monogatari, 1954, mais uma das obras-primas absolutíssimas de Kenji Mizoguchi.
Nem é que seja o meu Kenji preferido, aliás seria ridículo referir um favorito, mas juntamente com Sanshô dayû, Ugetsu monogatari e Yôkihi fazem o meu quarteto perfeito.
Mas será neste magnifica plano que está comentada toda a obra e o seu âmago do genial Japonês.
Para além de todas as metáforas religiosas, que estão muito bem explicadas na folha da cinemateca por João Bénard da Costa é um dos cúmulos da sublime distância, ética, justeza de mise en scene que percorre toda a sua obra.
Os amantes que quebraram o imposto, caminham para o sacrifício, antes desta imagem um travelling sobre rostos pasmados. Mas analisemos a imagem questão.
Envoltos por uma luminosidade que fala por si, o centro do plano, que é o centro do filme, preenchido pelas duas personagens, uma virada para um lado, a outra oposta a esta, é o propósito da questão. As linhas para um infinito que se imagina de horror.
Amarrados num animal, rostos fechados, a multidão cercante, o meio representado por simples casas tradicionais, o leve plongée – Fim.
Todo o peso de um mundo num só plano. Na recusa de qualquer close-up forçado, para puxar á lágrima, para conseguir emoção fácil – a Preciosa Distância.
Rostos fechados. Mas tão serenos - o trágico também vem dessa serenidade que fere.
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