quinta-feira, 6 de março de 2008

Xiao Wu


Zhang Ke Jia é um nome funda mental nos dias de hoje, já com o apoio dos cahiers e a s mais vastas consagrações.
Tenho para mim que a sua grande obra é a inicial, Xiao Wu, ou Pickpoket no título inglês.
É de facto um herdeiro de Bresson, não só neste filme – na maneira como faz existir e deambular uma personagem, nas elipses – mas em tudo o que se iria seguir.
Mas não só, passam por lá as mais diversificadas lições de Rossellini ou de Godard.
É cinema clandestino, de rua, feito ilegalmente. É a resposta ao refúgio e normalização na história da 5º geração, isto é: Zang Yimou, Chen Kaige, etc.
Á história da China e aos seus mitos, Jia propôs uma realidade possante, é a 6º geração do cinema deste País: Zhang Yuan, Wang Xiaoshuai, etc…
Independentes e revolucionários até á medula filmaram a China em que viviam com a dureza e a lição dos Velhos Mestres.
De Bresson, quanto a mim, está mais vincada a influência na banda som – os ruídos, todo o fora de campo (off), a circulação deste pelo espaço, etc. – embora a fragmentação e a minimalidade da banda imagem também venho, obviamente, do mestre francês.
Mas é que não dá para esquecer Rossellini, a figura tutelar do neo-realismo. A maneira como ele filma a personagem nas ruas, na realidade, na sujidade, sem qualquer efeito ou gordura. “Se a realidade está lá para que modifica-la”
De Godard vêm toda uma estrutura de montagem que permite acontecer toda uma cinéfilia que já não é cinéfilia - é a realidade e a urgência do que está a acontecer á frente da câmara.
É essencial, e mesmo depois de outras grandes obras que se seguiriam – Plataforma, O Mundo – esta continua a ser a obra fundamental, diria, de toda esta geração.
Tão radical como isto, nos anos 90, só conheço Costa, ou uma ou outra coisa que me posso estar a esquecer…
*outro filme fundamental dos anos 90, que tal como o de Carax me tinha esquecido...

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