quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Estranhíssimo o The Damned de Luchino Visconti. Por ventura o seu filme mais descontrolado (ou desequilibrado) , sem dúvida o mais violento, sujo e cru. (e a violência é sempre maior nas cenas intimas do que nos massacres colectivos).
Repulsivo e visceral no sentido em que são também os melodramas de Fassbinder, por exemplo, nunca nos filmes de Visconti a câmara se mexeu tanto nem procurou assim tão compulsivamente rostos e corpos, nunca as formas foram tão pouco polidas na sua construção e unificação como nos inícios do filme, nunca existiu tanto ruído. Algo que irá sendo progressivamente suavizado.
Opção estética para sugerir a gravidade vivida naquele meio destruído pelo nacional-socialismo ou processo visível de procura estética ao decorrer da produção da obra?

O que é certo é que tanto nos desequilíbrios como nas harmonias, na visceralidade como nos sussurros, nos ambientes pesadíssimos e sobrecarregados e nos paroxismos, tudo é perfeitamente essencial – essencial como nas tragédias intimistas, que é o que The Damned é.

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