sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Espantosa a maneira como Kiyoshi Kurosawa aguenta os planos, instaura os silêncios e faz brotar os ruídos. Silêncios tão estridentes e enervantes como os ruídos. "Cure" é de 1997, mas não se iludam, é um objecto completamente artesanal, algo que só foi possível depois do cinematógrafo de Bresson.

Sim, é segunda metade dos anos 90, sim, é algo à beira do subgénero dos serial killers, mas, e uma grande mas, não é pós-nada. Neste mundo das trevas e do fantástico estamos a presenciar algo como numa primeira vez. Toda a impressionante violência e crueza dos grafismos estão lá de modo impassível, em medida igual à justeza do tom, do olhar, da não extrapolação/empolamento.

E serve também para constatar que Eli Roth é um menino do coro com liberdade e dinheiro.

2 comentários:

  1. esse filme é sensacional, mas a grande obra do kurosawa é KAIRO...

    obra-prima sobre a solidão e o medo da morte simplesmente aterrorizante. ah, em tempo: é o anti-takashi miike. é o anti-terror japonês contemporâneo.

    ResponderEliminar
  2. tens razão Marlon, "anti terror-japonês" - sem duvida.

    ResponderEliminar