sábado, 8 de dezembro de 2012
Numa humanidade que não tivesse sido viciada logo à partida, um filme como “Breezy” não teria qualquer sentido, quanto muito, seria uma muitíssimo razoável porque desconcertante comédia de ficção científica urdida pelo Charlie Kaufman de serviço. Golpe de génio argumentista, pura mind fuck dialoguista de Deus à liberdade, tudo até ao plano final (Hello, my love.... Hello, my life) teria sido um twist invertido para o naturalismo. E, limpinho, por comportamento tão original William Holden levava o equivalente à estatueta dourada desse mundo. Tão certo como se esse leve etéreo anjo fugidio rosto Kay Lenz tivesse aqui apenas o degrau de um outro céu.
Mas como isto é isto que sabemos e Clint Eastwood sempre só por isto se interessou, “Breezy” é dos mais belos senão o mais belo dos filmes já esquecidos do silencioso homem de Cisco.
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa, lírico como a última folha queimante de outono medindo a distância ao solo. E mar aquele que tendo já os desnevoados dois seres extremamente líquidos à sua frente transforma as suas indecifráveis ondas e o seu todo num imperturbável templo granítico ainda passível de revolver existências. Radiância que vai possuir tudo o resto.
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