terça-feira, 2 de junho de 2015



"Nothing Sacred" é, para lá da sátira e da bílis jornalística, social e inumana natural, um dos mais realistas embates com o amor a que o cinema se entregou. Porque absolutamente espancado e coberto pelo sangue da loucura que corre nas veias e carnes e têmperas dos amantes. A mulher que sabe que não vai morrer mas diz que vai; o homem que se aproveita disso e passa a nada saber; e a fama e proveito mútuo que descamba na lama quando se começam a encontrar sozinhos e a olharem para dentro dos olhos um do outro sem espectáculo e sem assistência. Incalculável tempo, arco, espaço e história e de tal sentimento não há nada a prever ou a educar. O homem, a mulher, acabam ao murro um ao outro, só para poderem esconder-se do mundo para o resto da vida deles. Tão patético como inaugural. Nessa irracional demência dos muito francos. À maneira de parentes fiéis e sem regra chamados "The Wild Palms" ou "Help Me Make It Through The Night ". A verdadeira composição que descarna a mentira da normalidade, essa inevitabilidade que é trilho para o sublime. A toda a hora, a todo o dia, num chão qualquer, quando fechamos os olhos da respeitabilidade e do auguro adulto que nos embrutece. Sempre a cores demenciais e em movimento estonteante. William A. Wellman, o durão, teve a coragem ou simplesmente a lucidez. A Short Time for Insanity. Aleluia!

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