domingo, 15 de novembro de 2015


Agora que o ouro se foi, podemos voltar a ser amigos. Leigh Brackett (numa concentração e compressão à "Rio Bravo") elucidou em percurso linear toda a tortuosa história das relações e dos desejos. Gordon Douglas seguiu o rastro e a marcha e só lhe aparecendo poeira, mortandade, fossilização, forçou a câmara de tal maneira ao necessário enquadramento e foco que dominando a orquestração cinematográfica tudo lhe parece ter fugido nessa sinfonia da danação rasteira, completamente junto ao chão que tanto relevo apresenta. Partículas e véus em confrontação, minérios e respirações. "Gold Of The Seven Saints" desponta de escarpas e texturas corrompidas pelo valor do tesouro em questão, onde os maquinismos e a técnica da encenação se vão perdendo trementes, tenta a redenção carnívora, uma estabilização e compromisso ancestral, mas a pequena ilha de serenidade e luminosidade volta e torna a emperrar; do possível conforto, do possível e impossível lar, os dois ou três ainda crentes são largados ao espectáculo das ambições e dos acordos outra vez e sempre rasteiros, únicas leis perenes da largada paradisíaca, e o vento conflui com as aves nefastas, as pedras cobrem os corpos sacaneados e o sol devora-os sem apelo nem bênção, o amor vale tanto como essa outra grande pedra que destrói quem olhou o brilho do ouro tão de perto e foi castigado pela ousadia. Pó, vento, dureza, suores, incompreensível, o trajecto inteiro. E dois homens, no principio como no fim, ainda a cantarem, ainda falarem, ainda juntos. Num eterno retorno dúbio que tudo escurece. Compreende-se muito pouco e percebe-se muita coisa. "Gold Of The Seven Saints" é negro e elucidativo; e prepara e destroca o dilúvio de "Rio Conchos", a fossa e o vórtice e uma paz em "The Detective".

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