quarta-feira, 23 de abril de 2008

Leningrad Cowboys Go America



Em 1989 Aki Kaurismäki passou-se, no melhor dos sentidos, e realizou um dos mais inclassificáveis filmes que já mais vi. O mais divertido dos filmes e, como tantas vezes, o mais desencantado, com personagens saídas de uma Finlândia onde só Aki as reconhece, dá-lhes um ar de cartoon a la americana e resume o seu cinema de lado nenhum. Nada de expressões faciais, de psicologia, de movimentação de câmara para lá da panorâmica ou do funcionalismo puríssimo. Música a irromper e a deixar-se elevar sobre o corte, ou então corte brusco. Muitos fades e muitos intertitulos, muito cinema mudo, pois claro.
Um percurso inclassificável que troça subtilmente a coisa do american dream – a banda que veio de longe, que tudo aprende depressa, town to town até ao México, e eles sobrevivem…
Lembra quem, para além das habituais referências? Jim Jarmusch, pois claro. Ele que aparece como um vendedor de carros numa fabulosa cena. É completamente Jarmuschiano e vice versa…como nos filmes do Americano. Ou seja: um cinema de lugares, percursos e fixidez formal que parece vir de tanto lado e de lado algum ao mesmo tempo. Tout bon film est un Bresson referiu um dia Luis Miguel Oliveira a propósito de Aki. Essencial.

terça-feira, 22 de abril de 2008

lá para os lados de Rio Lobo

Guerra findada, Duke, os homens e as mulheres, horizonte fora rumo a uma justiça e a uma ordem. Mestre Howard Hawks, 1970, antes da paranóia, das denúncias, do caos e da sujidade do grão – uma monumental lição de coerência, coisa que fundamenta, per si, a teoria de autor.
Coisas fundamentais, coisas esquecidas.

ahahah - Go Spike


Do the Right Thing never won an Oscar.
Remember what Kim Basinger did? Onstage she said, “The best film of the year is not even nominated, and it’s Do the Right Thing.” I didn’t even know her. But when Driving Miss Motherfucking Daisy won Best Picture, that hurt … No one’s talking about Driving Miss Daisy now.

Fulci génio

Lucio Fulci é arte absoluta, como tantos outros que ficam sempre ao lado da grande história dos livros.Non si sevizia un paperino, 1972, uma obra demencial onde o mal que devasta está como que impregnado na vilazinha e nos seus mitos….o final é o que se sabe...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

My Blueberry Nights


Antes de tudo: belíssimo filme. Não compreendo, sinceramente – também não é que me interesse muito – as criticas que têm sido feitas ao Wong Kar Wai versão U.S.A. Mas há várias coisas que são verdade: não me lembro de ver assim filmada, uma América nocturna e os seus espaços míticos, de uma forma tão escorregadia, tão húmida, romântica e desencantada numa mesma velocidade – o que equivale a dizer, a várias velocidades.

Raramente um grande cineasta mudou de continente, e, adaptando todas as suas marcas ao filme criado – as cores puxadas e esborratadas, a câmara a captar por detrás de superfícies ou objectos, as tais celeridades dramáticas, a montagem solta, a irrupção serenamente arrebatadora da musica...ou seja, tudo o que aconteceu e fez escola pós Chungking Express – Wong consegui não só fazer um filme ultra apaixonado e ultra desiludido, mas também uma grande critica a todos os produtos “semelhantes” que se produzem lá pelas Américas.
É a velha questão do grande cineasta de Fallen Angels: o que distingue as suas imagens, a forma como elas se apressam ou se fazem lentas, a maneira como se ligam, dos anúncios publicitários ou dos filmes de um qualquer wannabe? É o peso que Kar-wai confere ao meio e aos seres que o habitam, a forma como lhes insufla de pulsões e assim desprende os seus filmes dos anúncios dos perfumes ou dos filmes bonitinhos. Uma gravidade quase cósmica que torna cada plano, cada cor e cada corte essenciais à dramaturgia. E depois continua a esconder, a esconder muito, uma arte estranhamente misteriosa, feita com os curtos travellings da câmara e com a montagem fragmentada, quase elipse dentro do plano. O tão propalado beijo de Jude Law a Nora Jones, com os restos de mirtilo nos lábios, é tão discreto e cheio de ternura que quase passa de lado.

Também se escreveu bastante que as personagens falam muito, que nunca nos seus filmes elas falaram tanto, mas a razão é simples – falam muito porque estão na América, caso contrario a caricatura seria grotesca.
Mas um dos mais fascinantes links são os planos de transição ou de arrebatamento, os metros, as estradas, o céu, etc…na América como na China.
Renoir, Lang, Hitchcock, só para citar grandes cineastas, foram para a América e, uns com muitas dificuldades, outros com liberdade, fizeram coisas grandiosas. O cineasta Chinês teve toda a liberdade e não só continua o seu percurso como deixa uma lição, um petardo para toda uma geração que se inspirou nas suas rupturas. Fascinante, e Nora Jones e a sua carinha graciosa…bem, o máximo do romantismo.

Pampa bárbara


O Argentino Hugo Fregonese foi de facto um grande, grande cineasta. A precisar de urgente atenção. Antes de partir para a América realizou o fabuloso Pampa bárbara de 1945, a meias com Lucas Demare.
Um brilho e um épico tão condensado e primitivo - lembra bem Walsh - só 98 minutos, que faz realmente pensar em esquecimentos flagrantes.
Dá-se alvíssaras a quem souber de uma cópia de Apache Drums (1951)

domingo, 20 de abril de 2008

constatações

Foi ver o 88 minutos por 3 razões: as mulheres; Al Pacino; e depois para confirmar se Avnet é realizador para dirigir os dois monstros do cinema americano – Pacino e De Niro – mais de 10 anos depois.
No final, várias constatações, a primeira é que fiquei com pena da grande máquina Hollywoodesca do cinema de acção, com saudades dos grandes tarefeiros do cinema clássico que conseguiam elevar o que á partida estaria cristalizado.
E por ultimo Avnet, não têm mão, não tem fogo nem arte para lidar com os dois fabulosos actores. Primário sentido da geometria dos espaços e da coreografia das cenas, montagem indistinguível, inserts metidos a martelo…não existem palavras para o argumento.
O filme que volta a juntar o que Mann uniu merecia outro realizador…

como é distribuidoras?



Straub saw NE TOUCHEZ PAS LA HACHE, Rivette's latest, and claimed it Rivette's greatest film since LA RELIGIEUSE.

...

..também li algures que Garrel o considerou o melhor filme francês dos últimos 30 anos.
Escandaloso não estar na lista de estreias, a pergunta é: vamos esperar tanto ou mais do que esperamos por Resnais?

sábado, 19 de abril de 2008

passeio a El Dorado



Depois da potência de Audiard nada melhor do que uma ida a El Dorado dos idos 1966. A altivez e a confiança do grandioso Duke Wayne (2 chapadas a quem disser o contrário); o orgulho que supera a fraqueza dos copos em Mitchum; um Cann de uma admirável descrição e de pose rebelde antes dos Padrinhos, se fosse filho de Duke ninguém desconfiaria; ou a graça e garra do velho Holt.
As mulheres essas são cada uma mais bonita que a outra e a arte de Hawks no seu apuro total. Delicia.
Seguindo a errância afectiva de Carla, uma mulher surda e desajeitada que trabalha numa empresa de promoção imobiliária (Emmanuelle Devos, sublime em mulher fatal ), NOS MEUS LÁBIOS oscila entre o thriller social e o melodrama. A parte social é a mais bem conseguida. Nunca se sentiu tão bem a animalidade fria que domina o sector terciário. (...) Paul (Vincent Cassel, prodigioso numa violência contida) é a outra extremidade do filme: ladrão acabado de sair da prisão, será ele a dar a Carla os meios para regressar à realidade. A audição deficiente de Carla, magistralmente mostrada pelo rigor da filmagem, instaura uma atmosfera muito sensível, muito suave. (...) NOS MEUS LÁBIOS parece um tango seco, cheio de sensualidade autista que abre por momentos numa espécie de expressionismo. (...) NOS MEUS LÁBIOS é sem dúvida o melhor filme de Jacques Audiard até agora.

V.M. , Cahiers du Cinéma, Outubro de 2001

Dicas

para Eurico de Barros, cordialmente


"Quel beau titre et quel beau film !" ... "Depuis l'éblouissante tenue des acteurs jusqu'à la manière de ménager l'esprit et la chair, la pensée et l'action, ce film (…) nous rappelle que James Gray est l'un des plus grands cinéastes américains de notre temps."

Le Monde - Jean-Luc Douin

Ce drame cornélien emprunte à nouveau le langage du polar mais aussi ceux du western et peut-être du film de samouraï, (...). Il constitue une éclatante leçon de mise en scène, mêlant réalisme et exacerbation formelle.

Positif - Jean-Christophe Ferrari

James Gray est un grand metteur en scène, néo-classique impétueux et cinéaste des nerfs, aux films épuisants de beauté.

Chronic'art.com - Jean-Philippe Tessé

D'un classicisme somptueux (...) Exceptionnel.

TéléCinéObs - Olivier Bonnard

De qualquer maneira, é bom saber que o último trabalho de James Gray é um dos filmes mais fortes realizados por um cineasta americano surgido na década de 90... Gray consegue orquestrar todos esses elementos e fazer de seu terceiro filme em treze anos de carreira o grande drama americano dos últimos tempos.

Francis Vogner dos Reis - Revista Cinética

Quel maledetto treno blindato


Cada vez mais impressionado, Inglorious Bastards, ou Quel maledetto treno blindato, o filme de guerra que Castellari realizou em 1978, é o mais divertido dos filmes, o mais levemente político, mais tocante, despretensioso e excepcionalmente bem artilhado na sua realização b, etc…que já me lembro de ver.
O naipe de actores são tipos com quem eu gostava de ir para os copos, as suas armadilhas brilhantes e a love story, ufff…
Se daqui a uns anos Tarantino fizer algo com o mesmo nome, alguém vai ter que repor esta peça…nem que seja eu no meio da rua!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

sereno monumento

... filme maior do que este no cinema americano não vai haver este ano. Obra-Prima.
É que nem P.T.A, nem Coens, nem...

golpe de magia



É um espampanante divertimento, todo o filme – tal como a personagem de Ekin Cheng – é um truque de magia digno de P.T.Baurman.
É o anjo caído do céu como em Capra ou em Ferrara que vêm do desconhecido para ajudar um homem.
E não é só To que é mestre, Wing-cheong Law também o é de certezinha e a maneira como eles combinam magistralmente a câmara/meio grandioso (Hong Kong)/personagens é por si só outro milagre num filme de tantos milagres.
Kelly Lin, como sempre - mais do que bela


*Running Out of Time 2, Johnny To, Wing-cheong, 2001
Com Um Beijo Roubado, o cineasta filma os EUA, após ter rodado seu melhor filme, 2046. Sobre ele alguns críticos escreveram equívocos como "ele está se repetindo", ou "um Wong Kar-wai para iniciantes", ou "a América não lhe fez bem". Como muito bem escreveu Cássio Starling Carlos, na Folha, repetir-se não é um defeito a priori, e muitos autores de respeito (ele cita Hitchcock, Cronenberg e Truffaut, entre outros), fazem da repetição, ou melhor, da recorrência de temas, a força de suas assinaturas. Cássio também afirma, com toda a razão, que sair do ambiente a que o diretor estava acostumado fez bem ao seu cinema, expandiu seus horizontes e permitiu uma maior movimentação dentro de seu próprio universo. Após o ápice atingido em 2046, foi necessário uma renovada de ares, semelhante à que fez depois de Anjos Caídos, quando foi filmar em Buenos Aires.

Sérgio Alpendre , Revista Paisá


Hitchcock e Hawks repetiram-se sempre? Repetiram. Mas, sendo sempre o mesmo, de cada vez era tudo novo. Por isso, tanto se pode dizer que fizeram sempre o mesmo filme como que fizeram sempre coisas que nunca tinham feito antes. Como, de resto, mais modestamente, disse Carpenter dele próprio, em entrevista de 1987: "I try to do things that I haven't done before."

João Bénard da Costa

........

É o meu cavalo de batalha. Repetir-se não pode ser, à priori, de facto, um defeito. È isso, com os grandes autores é sempre o mesmo filme e nunca o mesmo filme. Aqui lá vão falar da repetição a propósito de Gray, de Kar-Wai, enfim, como o fizeram a propósito de Shyamalan ou o fazem, sempre, a propósito de Brian de Palma ou Chabrol, etc…as velhas lições já esquecidas.
Obrigado Sérgio Alpendre!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Je m'appelle Ferdinand...

"it is not really a film, it's an attempt at cinema. Life is the subject, with [Cinema]Scope and color as its attributes...In short, life filling the screen as a tap fills bathtub that is simultaneously emptying at the same rate." J.L.G

Quando eu era jovem, nos anos 60, com 15 anos, a descoberta de “Pierrot le fou” (1965), de Godard, foi um cataclisma. De repente, não pude mais ver filmes como antes, passei a vê-los com outro olhar, graças a Godard. A mesma coisa ocorreu com os filmes de Truffaut, de Alain Resnais, de Chabrol, e mais tarde os filmes de Maurice Pialat. Para mim, os anos de ouro são esse período que corresponde à Nouvelle Vague, que é para mim a expressão da modernidade. Serge Toubiana

REC

É muito simples: durante um festival de efeitos e de enfeitos de imagens e de sons – sim, pois “ cinema directo” NÃO existe – só fica uma coisa: um vácuo total, pretensioso e falso várias vezes.
Não se percebe o interesse acerca do filme, nem falo dos festivais pois este têm os ingredientes certinhos para a armada espanhola atacar. Falo por exemplo de Burdeau ter escrito isto. Cinema sutil? Palhaçada.
Vejamos os primeiros 20 minutos, basicamente até ao primeiro ataque já dentro do prédio. Uma repórter, um operador de câmara – ou seja, Balagueró e Plaza – inseridos no oficio dos bombeiros. Nada se passa que a televisão não tenha já mostrado, e digo, já mostrou melhor pois só manipulou uma vez. Poder-se-á falar nas formas mas elas nada de interessante produzem, a não ser a tal mentira sobre a mentira – pior que televisão, reforço. Ainda por cima com tentativas de suspense patéticas, e isso será recorrente ao longo do filme: “será que algo se vai passar, ou vai ser uma seca?”
Muitos sorrisos, poses e a bomba estoura, a atmosfera pretende adensar-se mas as formas continuam a nada impressionar e os motivos facilmente se adivinham. Entrámos no prédio, acontece o ataque, os realizadores – o operador de câmara, sempre – pretendem o medo no escuro, no tremor da câmara, no som estilhaçado. Resultado: ataques como em todos os filmes do género que só mentem uma vez – para não me fazer de esperto cito “Os Pássaros” de Hitchcok – a pretensão do absolutamente realista, da mecânica desinteressante do jogo, o aleatório dispersivo.
O que esta “mise en scene” difere em relação aos “casos de policia”? Nada, a não ser uma pretensão de inventar uma forma de cinema que a televisão já utiliza há muito – uma reversão terrível. Os sustos e o medo? a geometria dos espaços e a gestão dos tempos? o crescendo e as atmosfera? (ou seja, coisas fundamentais do género) bem, há dezenas de realizadores que já o fizeram mil vezes melhor, do velho mestre a Wes Craven, de Dante a Argento, etc, etc…
E a metáfora do vampirismo dos media? É anedótica e no caso não serve para nada a não ser de caução para promover o filme como algo reflexivo e formalmente novo…é muito velho e no caso qualquer criança poderia estar a filmar aquilo que os encenadores estão a fazer.
Compare-se com a questionação da verdade de todas as imagens, de todas as plataformas, das verdades convencionadas, enfim, dos media em geral, de Redacted de Brian de Palma e dá para rir. Ou então, algo mais lúdico, como o portentoso Breaking News de Johnny To, prodígio de gestão do espaço/tempo (régua e esquadra) e de caustica imagem dos profissionais da televisão.
Há beira disto o que Sokurov meteu em cena em Arca Russa é de uma pertinência grandiosa e
The blair witch project safava-se pela sua crença amadora e quase infanil.
É tudo manipulado, várias vezes falso, pretensioso e um pouco patético. Haveria coisas que o poderiam levar para os terrenos da joissance e do medo, mas não existe, não há matéria que sustenha uma forma e vice-versa, sim um festival de aldrabice que não produz um susto ou algo memorável. Já passou tudo e este filme há muito que estava feito.

carnaval

O texto seguinte foi publicado no jornal Diário de Notícias a 12 de Abril de 2008.

«Uma Segunda Juventude» é um falhanço. Honroso, mas um falhanço.

Eurico de Barros

...

Cum catano...isto chega para receber o cheque ao final do mês?
Fabulosos os textos neste nosso cantinho.

complemento

Was there a grindhouse theater near you when you were growing up?

No, but exploitation movies played all over at mall theaters. I would chase films all over California -- "My god, Rolling Thunder is playing on a triple bill with The Howling in Long Beach!" My local theater was the Carson Twins Cinemthey showed all the kung fu and blaxploitation movies. This little Italian family owned and these big-ass Samoans were the ushers. If anybody tried to steal candy from a kid, they'd send the Samoans in there.

What genres did grindhouses cover?

All the exploitation genres: kung fu, horror, Italian horror -- also known as giallo -- sexploitation, the "good old boy" redneck car-chase movies, blaxploitation, spaghetti Westerns -- all those risible genres that were released in the Seventies.

So how did you settle on the slasher/car combo?

I realized I couldn't do a straight slasher film, because with the exception of women-in-prison films, there is no other genre quite as rigid. And if you break that up, you aren't really doing it anymore. It's inorganic, so I realized -- let me take the structure of a slasher film and just do what I do. My version is going to be fucked up and disjointed, but it seemingly uses the structure of a slasher film, hopefully against you. Anybody who's interested in slasher films should check out Carol J. Clover's book, Men, Women and Chainsaws, which I think is one of the best film-criticism books ever written. I got inspired to watch all the slasher films and check out the all the ones that I had missed.

Did you discover any gems?

Oh, yeah. I blew it off when it came out, but My Bloody Valentine is fantastic! Paramount needs to reissue it with all the gore intact because they cut out all the gore and its never been returned back to what it was, but it's a terrific movie. In the last year or so, I've become a real fan of Canadian horror films; almost 75% of slasher films came out of Canada, but this is the only one that really plays it as Canada. It takes place in a working-class mining town and they have the deep regional Canadian accents and with the economic depression, the way the characters are relating to each other, the sense of community, you think you're watching The Deer Hunter. It's so well done I couldn't believe it.

That's one of the things I love about Slap Shot. Everyone remembers that it's a funny hockey comedy, but --

Yeah! Slap Shot is not that different: they're drawing on the sense of community and the mills keeping them alive.

Your killer, Stuntman Mike (Kurt Russell), dispatches girls with his "death-proof" car. What car chase films inspired you?

CGI for car stunts doesn't make any sense to me -- how is that supposed to be impressive? You can't compare it to the chase scenes in The Driver or White Lightning or Dirty Mary Crazy Larry. A great chase scene that people might not know about is in an Italian crime movie by Fernando Di Leo: it's been released to video under a million titles, including Manhunt and Hired to Kill. And Robert Butler did a fabulous movie around 1980 called Night of the Juggler -- that has a car chase with James Brolin all through New York that is basically the first fifteen minutes of the movie.

One other really terrific car chase off the top of my head is from Strange Shadows in an Empty Room, also known as Blazing Magnums. It's an Italian movie but it was shot in Montreal. And the set-up for the chase scene is completely dumb: Stuart Whitman is a Dirty Harry-like cop who goes to question somebody and the guy just takes off. So then they have one of the most thrilling car chases ever, and when he catches the guy, he's like "Okay, I just wanted to ask you a few questions." It's like something out of Police Squad -- there's twelve people dead back there during this chase and you just wanted to ask him some questions?

I don't think there have been any good car chases since I started making films in '92 -- to me, the last terrific car chase was in Terminator 2. And Final Destination 2 had a magnificent car action piece. In between that, not a lot. Every time a stunt happens, there's twelve cameras and they use every angle for Avid editing, but I don't feel it in my stomach. It's just action.

Q.T

aqui