



“quanto mais artificial mais real?” O maneirismo nos limites – a saturação dos signos melodramáticos, o seu exagero e finalmente a sua explosão, perfeitamente contida nas bordas do enquadramento – para se chegar a algo de muito urgente, de muito verdadeiro, de muito franco. Obviamente para se sentir as marcas na carne e na pele – e acho que é por aí que surge o ríspido cinzelamento do preto e do branco, a cor muitas vezes pode enganar, enquanto que o preto é preto e o branco é branco, e usado sem rodriguinhos é implacável – mas acima de tudo para mostrar o teatro da vida, a perdição e a abstracção. Ou seja, na fogosidade imagética construída por Fassbinder a gravidade vai aparecer pela dolorosa consciência da condição das personagens, da sua fatalidade. Não há escape quando são jogados certos jogos, toda a luz que as envolve só serve para vermos ou para sentirmos isso, neste sentido, um filme perfeitamente nu, exposto, sem efeitos.
"Die Sehnsucht der Veronika Voss"
Sem comentários:
Enviar um comentário