quarta-feira, 24 de outubro de 2018

amanhã no LUCKY STAR - Cineclube de Braga


 
 
Amanhã, quinta-feira, chega ao fim o ciclo de cinema que o Lucky Star levou a cabo em parceria com os Encontros da Imagem de Braga, sob o belíssimo tema, passe a redundância, “O belo e a consolação”.

E nada melhor para o fechar do que um filme que abre para todos os tempos e para todos os espaços do belo e da consolação, uma beleza abundante e cava, uma consolação pedregosa e límpida, transpondo com a sua poesia silenciosa e selvagem as fronteiras do conhecido e do esperado de tais conceitos bem como as margens do próprio cinema.

Helénico e apátrida, iluminado pela jorrante seiva da fonte primordial ou pela catadura da noite das noites, galopando as agruras do meio do caminho em precisos rituais perdidos e brilhando no Cântico dos Cânticos, trata-se do melhor filme que vi este ano, desses que se vão decifrando lentamente a cada nova visão até se ficar cego, desenterrando incontáveis chaves e tocando nos fogachos do discreto sublime.

Prodígio da manufactura e passo lapidar da assunção do cineasta-sapateiro-remendeiro, reinvenção do filme na primeira pessoa sonhado por românticos visionários como François Truffaut e Jean Eustache, independente das leis artísticas em voga e dependente dos afectos e da amizade, o realizador Mário Fernandes estará em Braga para conversar connosco sobre tudo isto e mais além, o que é por si só um acontecimento.

Aproveito ainda para agradecer ao director dos Encontros da Imagem, o empenhado e sensível Carlos Fontes, que espero continue por muitos anos nestas lides.

O Cinema e Braga vivem.

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