domingo, 10 de agosto de 2008

quanto mais artificial mais real

What's Batman about to you? Bruce Wayne's depression?

It's about depression, and it's about lack of integration. It's about a character . . . unfortunately I always see it being about those things, not about some kind of hero who is saving the city from blah-blah-blah. If you asked me the plot of Batman, I couldn't tell you. It's about duality, it's about flip sides, it's about a person who's completely fucked and doesn't know what he's doing. He's got good impulses, but he's not integrated. And it's about depression. It's about going through life, thinking you're doing something, trying very hard. And the Joker represented somebody who got to act however he wants.

Tim Burton, claro...

sábado, 9 de agosto de 2008

http://cadernodocinema.blogspot.com/
Estive a rever Rescue Dawn, com pouco tempo de intervalo, e tenho que deixar umas notas.

- Secura. É um modo de nunca enfeitar e de nunca exceder uma imagem para lá de uma ética relacionada com o que está em causa. Logo, é o anti-espectáculo de todas as super produções que o cinema americano produziu, que de Scott a Spielberg foram postas em cena, ou qualquer aproximação ao género. Porque volto a repetir – não creio que haja género neste filme.

- Retrocesso. É a fé, a crença e o olhar de Werner Herzog. Retroceder para um tempo em que uma imagem era realmente uma imagem, um plano realmente um plano, por si. Sem nunca estarem – as imagens e os sons – a apontarem a outra coisa, a testar uma máquina ou uma técnica.
Todo o filme é pois um plano sequência, no sentido em que cada imagem e a sua ligação com a próxima, constituem um bloco e um todo assentes no tal olhar que enforma a obra.

- Limpar. È a missão do alemão. Limpar todo o lixo, toda a porcaria e tudo o que ficou convencionado nesses miseráveis filmes de guerra/filmes de espectáculo que invadiram estas últimas e largas investidas.
Limpar os filtros, a sopa sonora, as câmaras lentas, a glorificação pueril, essa estética maquinica. Esmagamento da técnica e convicção no meio envolvente.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"...a maravilhosa eficácia do cinema clássico e a intensidade formal de um cinema mais experimental."

Thierry Lounas

"...a maravilhosa eficácia do cinema clássico e a intensidade formal de um cinema mais experimental."

Thierry Lounas

"...a maravilhosa eficácia do cinema clássico e a intensidade formal de um cinema mais experimental."

Thierry Lounas
"...a maravilhosa eficácia do cinema clássico e a intensidade formal de um cinema mais experimental."

Thierry Lounas

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

http://www.panix.com/~sallitt/blog/2008/03/georges-franju-anthology-film-archives.html
É isso, é impressionante como vibra a matéria nos filmes de Fernando Lopes. Uma iconoclastia, temperaturas, ligações e colagens que nada mais pretendem do que apanhar o máximo de vida e de humano possível.
Num todo que aprendeu desde o mudo até ao cinema pós anos 60 e que recusa qualquer inserção absoluta.
Belarmino, pedra de toque.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Neste acredito em tudo.
Estranhíssimo o The Damned de Luchino Visconti. Por ventura o seu filme mais descontrolado (ou desequilibrado) , sem dúvida o mais violento, sujo e cru. (e a violência é sempre maior nas cenas intimas do que nos massacres colectivos).
Repulsivo e visceral no sentido em que são também os melodramas de Fassbinder, por exemplo, nunca nos filmes de Visconti a câmara se mexeu tanto nem procurou assim tão compulsivamente rostos e corpos, nunca as formas foram tão pouco polidas na sua construção e unificação como nos inícios do filme, nunca existiu tanto ruído. Algo que irá sendo progressivamente suavizado.
Opção estética para sugerir a gravidade vivida naquele meio destruído pelo nacional-socialismo ou processo visível de procura estética ao decorrer da produção da obra?

O que é certo é que tanto nos desequilíbrios como nas harmonias, na visceralidade como nos sussurros, nos ambientes pesadíssimos e sobrecarregados e nos paroxismos, tudo é perfeitamente essencial – essencial como nas tragédias intimistas, que é o que The Damned é.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

LOPES


Pode, e de uma só vez, Crónica dos Bons Malandros de Fernando Lopes ser um dos filmes mais Godardianos da história do cinema Português, e sem dúvida o mais proto-Tarantinesco?
É hoje uma peça de cinema fascinante e para lá de qualquer catalogação, e nem o rótulo e a família do cinema novo português o aprisiona.
Voltando ao principio: é a montagem sensual e demolidora (no que às regras diz respeito), o feiticismo (cigarros, pernas, mamas…), a ironia e auto-ironia, a desconstrução e desmontagem ficcional e os rasgos estonteantes na narrativa, a coolness…a animação no real e o real na animação.
Obra inclassificável e definidora da singularidade de Lopes perante todo o resto do grupo (Monteiro aparte) bem como tocante empreitada – vibrante e a desfazer-se como qualquer Scorsese inicial (enfim…) que é por si definidora do que é experimentar e potencializar com imagens e com sons e, já agora, com muitas outras coisas…
Se alguém disser que Quentin Tarantino não viu o filme português que junta e apresenta uma quadrilha lisboeta que se prepara para assaltar a Gulbenkian, para o seu Reservoir Dogs, eu não acredito.
E voltando novamente ao principio, este pode ainda ser o mais Kubrickiano (com direito a sequência hipnótica/tocada pelos ácidos incluída), o mais Minnelliano ou Demyano dos filmes? – é um golpe de magia pelo cinema e pelas suas formas e estéticas possíveis e impossíveis, pelos códigos de uma geração e pela arte em geral que terá pouquíssimos pares.
E para não ser só elogios, o som é efectivamente reflexo de um problema do cinema português que hoje já não existe.

BRESSANE

Fiquei impressionado com um filme do brasileiro Júlio BressaneMatou a Família e Foi ao Cinema. Datado de 1969 fica-me como um daqueles cumes de modernidade que saíram dos cinemas novos.
Mas é mais do que isso, mais do que a inacreditável exploração das potencialidades de juntar, fora da normalização, uma imagem e um som. Planos-imagem discordantes com os planos do som, mas tudo num enlevo poético que tanto está em terreno puramente sonâmbulo, como assustadoramente desprendido de uma realidade física e psicológica.
Mas sem grama de psicologismo de espécie alguma.
Começa com a justificação do título e daí resvala para todo um simbolismo do mal e do caos, numa sucessão de eventos tão significantes e demenciais como as formas urdidas.
E a verdade é que a simplicidade e a sensatez do trabalho crítico de Bazin nada tem a ver com muito do que passa hoje por ser "crítica": a simplicidade não implica preguiça, o pensamento não implica intelectualização. É tudo uma questão de sensibilidade e bom senso. Bazin tinha-as, muitos dos seus seguidores nem por isso.

auto-critica Sr. Mourinha?

Finalmente, valha-nos a sua humildade...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

sábado, 2 de agosto de 2008

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Georges Franju* / Judex


*um dos maiores, e temíveis, poetas que alguma vez habitou este planeta.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

"I wrote about many things, but when I started writing, one of the new things that I brought to Cahiers was my interest in what was exciting at that time in American cinema, meaning: horror movies. It was the time of the early films of people like David Cronenberg, Wes Craven, and John Carpenter, who are very interesting filmmakers. For Cahiers it was a revolution to write that David Cronenberg was an interesting filmmaker, or that Clint Eastwood was an interesting filmmaker. Before that, Cahiers wouldn’t touch them with a 10-foot pole. For the readers and also the older writers, it was a shock to see writing that said Honkytonk Man was a good film. I was also interested in Manoel de Oliveira whose work we were discovering at that time, and I also did a lot of simple movie journalism. It was an opportunity of opening Cahiers to the world. I was involved in doing the special issue of Cahiers on American cinema called “Made in the U.S.A.” that we published in 1982. Daney was involved, and a couple of other writers, but I was the one who was central in pulling together the whole thing. So we stayed for a few weeks in L.A.—it was a very weird time: Hollywood post-Star Wars. It was one of the worst periods in American cinema. In 1984 we went to Hong King and made the special issue on Hong Kong cinema. It was the first issue dealing with this cinema—not only its present, but also its roots. It’s still in print, people do buy it once in a while. It was the first serious Western work on popular Cantonese cinema and it was like discovering a new continent. We had no notion of who were the directors, what were the films, what were the classics…it was like discovering something completely new, which is very rare in cinema."

Olivier Assayas, aqui