quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Os mais belos filmes do mundo, na minha opinião, são os primeiros filmes sonoros de Renoir, não apenas devido ao belo sotaque do Sul de França, mas também porque são feitos em som directo. Para mim, um dos mais belos filmes de sempre é "La nuit du carrefour", o thriller baseado no livro de Simenon. Em todo o caso, é um dos melhores thrillers de sempre e neste ponto estou em completo acordo com Godard.

Gosto muito de sotaques no cinema. A língua é mais viva quando é falada por pessoas que têm alguma dificuldade em dominá-la: os obstáculos dão-lhe uma maior veracidade. Isto não é nada novo. Os filmes de Renoir que encontraram maior resistência são aqueles cujos personagens têm um sotaque marcado, por exemplo, "Toni" ou "La nuit du carrefour" – no qual há esta mulher sublime, da qual não se percebe cerca de um terço do que se diz, porque tem um sotaque austríaco ou dinamarquês.

J-M.S

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Muito obrigado Jean-Marie Straub. O som directo é oxigénio para os meus ouvidos. É verdade – como disse o grande Sério Fernandes, no que à imagem diz respeito - estes sistemas sonoros sofisticados e caros aguentem bem os tiros, explosões e essas merdas. Mas quando é para reproduzir algo puro, gravado directamente num velho aparelho e logo junto à película de cinema - e não fabricado pelo computador mais recente, no programa mais bombástico, por um daqueles engenheiros que dão aulinhas e mostram filmes do Kassovitz, ou, pior, por geniozinhos – eles, esses sistemas caros como raio, arrastam-se todos, perdem-se, confundem-se.

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