domingo, 19 de outubro de 2008

Que Neil Jordan é um bruta montes com pouquíssimo talento, daqueles “tanto barulho para nada”, já eu sabia por alguns filmes seus que vi. Que tenham comparado “The Brave One” com “Táxi Driver” e o tenham posto nos píncaros foi algo que me surpreendeu. Não liguei muito na altura, embora gente respeitável tivesse dito muito, muito bem.

O que é então? Um thriller banal, tecnicamente correcto, sem folgo e pegado de clichés. De facto cola-se ao seminal filme de Scorsese, na raiva explosiva virada contra uma cidade, em gestos, em expressões, em ângulos da câmara, etc…Mas a emulação está ao nível das brincadeiras espertinhas de um Honoré e das suas nouvelles vagues. Substitui-se Godard e Demy, copie-se Martin ou Friedkin.

E depois é lamentavelmente construído. Entre a chispa mtv e o telefilme de sábado à tarde, a completa incoerência dramática e uma triste dispersão formal, até a um argumento que insere toda e qualquer conveniência para chegar ao fim, tudo é matemático, neutro e logo muito longe da visceralidade e da raiva pretendida. Quem não domina o tempo não domina o cinema. Ah, ainda uma das sequências mais feias dos últimos anos, aquela em que Foster e o namorado, depois de serem espancados, entram no hospital. Jordan monta essa tragédia com flashs amorosos entre os dois. Morte e sexo, sangue e sensualidade, numa demonstração de como não usar paralelismos em casos limites e fulcrais. Tudo a convergir, em deplorável last minute rescue, para um final onde nem vai faltar uma música de coração. Não é Scorsese quem pode…

Jodie Foster brilhante.

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