quarta-feira, 4 de março de 2009

"You put my heart in a vise and proceeded to twist that vise until the last frame." Foi o que Quentin Tarantino disse a propósito de "Frozen River" de Courtney Hunt. Tipo de frase boa para a publicidade – visto que Q.T me habitou a tiradas destas a propósito de coisas intragáveis como “Man on Fire, por exemplo – se o filme não fosse magnifico, e é. É ver e sentir a câmara da cineasta a captar cada temperatura variável daquelas personagens e das gélidas paisagens da reserva Mohawk entre o estado de New York e o Quebec, a urdir uma trama fortemente emocional - com Melissa Leo (absolutamente inacreditável, qualquer coisa como uma das grandes actrizes americanas) numa mãe obrigada a fazer pela vida para sustentar os seus filhos (vão ser os seus trabalhos no inferno) - que tanto dispensa toda e qualquer tipo de gordura associada ao género, como faz tábua rasa de qualquer conceito de “filme indie”, para entregar algo verdadeiramente genuíno e sentido.

De resto, tanto me lembrei da forma como Michael Mann utiliza o digital de alta definição – de maneira crua, interessado na realidade – como numa frase de João Bénard da Costa a propósito do cinema de Rohmer: “é o último dos cineastas que sabe que o essencial, no cinema, não é da ordem da linguagem, mas da ordem do ontológico.”

Se não estrear é um escândalo.

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