quarta-feira, 3 de setembro de 2008

está feito, vou para casa

«para a obra de Ford como a "Gertrud" para a obra de Dreyer» disse João César Monteiro sobre o assombroso e tão crepuscular "The Last Hurrah".
Será sempre o filme em que um homem já viveu de tudo, já tudo e todos os golpes conhece, nada receia e parece saber o que está para chegar. Pacificado e sereno mas absolutamente consciente do espectáculo do novo tempo. Por aqui é, então, tão crepuscular como qualquer dos filmes mistificados.
Passado uns meses em que a obra ficou a decantar em mim, é impressionante a maneira como Ford trata a televisão, os media e todo o circo que envolve a sociedade e o mundo em questão.
Será sempre o cinema que poderá olhar para blocos de tempo e para um homem assim, desta forma tão interessada, atenta.
Fascinante como todo o espectáculo é apagado pela cerração das formas e pela secura absoluta de tom.

Se algum dos semióticos que gastam centenas de páginas com os estudos de quadros dentro de quadros, de sobreposição de linguagens, de signos recônditos, etc...quiser, têm aqui um mundo todo.

Mas o filme não é sobre isso. Monteiro soube-o muito bem.

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