sábado, 14 de novembro de 2009

MONTE HELLMAN

Há muito que tínhamos na ideia descobrir o que há de singular na obra do que aparece como o mais secreto dos realizadores americanos de hoje, MONTE HELLMAN, autor de um punhado de filmes, feitos geralmente por um punhado de cêntimos, típicas produções B (ou Z?) de reduzida distribuição. Objecto de culto de uma série de “fanáticos”, HELLMAN, epítome do “cineasta maldito”, é o reconhecido autor de duas obras-primas, TWO-LANE BLACKTOP e COCKFIGHTER, que se impuseram após a revelação de dois dos seus primeiros filmes, os mais singulares westerns da década de 60, TIDE THE WHIRLWIND e THE SHOOTING, descobertos na Europa.
A “estranha” carreira de HELLMAN é uma miscelânea de realizações de filmes B com a colaboração (geralmente não creditada) numa série de outros filmes, ou remontagens para distribuição na televisão. O seu trabalho, aparentemente marginal, influenciou mais
de um realizador contemporâneo, como foi o caso de Quentin Tarantino (foi produtor executivo de RESERVOIR DOGS).

Tendo estudado teatro na Universidade de Stanford, HELLMAN virou-se para o cinema entrando para a “fábrica” de Roger Corman, onde foi pau para toda a obra (montador, etc.)
e que lhe deu a estreia como realizador no irresistível BEAST FROM HAUNTED CAVE, feito em 1959, tendo produzido também o seu filme “filipino” FLIGHT TO FURY. Na mesma altura, HELLMAN casou com Barboura Morris, actriz fetiche dos filmes de Corman. A sua obra é irregular mas toda marcada pela independência, que talvez não seja voluntária. Após muitos anos de ausência, após o fracasso de BETTER WATCH OUT, de 1989, HELLMAN voltou à realização com um estranho episódio para uma série de terror, STANLEY’S GIRLFRIEND, em 2006, e parece ter voltado, ao seu tema de eleição, o “road movie”, tendo começado a dirigir, em Setembro deste ano, ROAD TO NOWHERE.

Dadas as características da sua obra que tornam dificílimo o seu acesso, a retrospectiva que apresentamos está incompleta, faltando, em especial, o seu primeiro filme. Mas o que vamos mostrar irá revelar uma das mais estranhas obras do cinema americano, onde a paisagem sem fim é dominante. Como disse MONTE HELLMAN:

“Creio que os melhores filmes são ‘road movies’. A estrada é muito enigmática. A estrada é a vida”.


Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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