domingo, 16 de março de 2008

deçu


Sou admirador incondicional de um certo Stallone, aquele que está muito bem explicado neste texto do Daniel. Ao qual eu respondi com este pequeno paragrafo: “comovente é a palavra certa para todos os grandes filmes de Stallone, este, o primeiro e último Rocky, o primeiro Rambo, mesmo em Coppland, e, acredito, num filme que me apetece muito ver: Paradise Alley, de 1978.”

E até acrescento: o segundo tomo de Rocky, sinceramente.
É um humanismo comovente, por vezes um quase amadorismo nas formas (a iluminação, o uso brutalmente humilde da steadycam em Rocky, zero de exibicionismo etc…) e na maneira de actuar, que serve de auto exposição de um homem, uma surdina que arrepia.

Mas Paradise Alley, é somente uma pobre reprodução da a Obra-prima que Rocky é, ou seja, estão lá os personagens loosers, sem nada a perder, desiludidos, as ruas e os becos fumegantes, o pessoal sem nada para fazer, etc…

Está lá a única coisa comovente deste objecto, Stallone, o filme é todo dele, personagem que parece permanecer do filme realizado em 76 por Avildsen - os mesmos maneirismos, um humor semelhante...

Também há coisas tocantes e apreciáveis: os passeios entre Cosmo e Victor nas ruas imundas de Brooklin parecem saídas de um filme neo-realista do período áureo.

Falta evidentemente a experiência de Avildsen, na maneira de captar espaços e dramaturgias, o apuro da banda sonora, a montagem polida, etc…

Já agora um belíssimo realizador que já está esquecido, de resto, como o grande Ted Kotcheff, mestre de acção humanista, primitiva, que foi completamente apagado do mapa pelos Bruckheimers e Bays da era digital, a mesma coisa para a fabulosa Kathryn Bigelow (mas isso são contas para outros posts).

Paradise Alley é o Who's That Knocking at My Door de Stallone, sem a raiva de Martin, com a desilusão de Silvester.

E percebe-se o fascínio de Leos Carax por este filme: o toque surrealista das cores e dos comportamentos de certas personagens, uma fantasia no real, etc…

E se desilude nada importa pois o que existe nos restantes filmes citados, o sentido de humano que toca, a vontade voraz de cinema, não me esqueço.

P.S: também é preciso ter em conta que assisti a este filme como se de uma estreia actual se tratasse, e o filme já tem muito tempo, isto também pode querer dizer muita coisa.

1 comentário:

José Miguel Oliveira disse...

Em relação a "Paradise Alley", ainda hoje não sei se foi um tolo ou um génio que fez o filme.
Que a obra tem momentos que remetem para essas duas noções, não há a mínima dúvida.
E não me deixa dúvidas também que, se não fosse o fracasso, em termos de bilheteira, de "F.I.S.T." e deste "Paraíso", Stallone talvez (talvez) começasse a desenvolver uma obra, em que a sensibilidade "looser" que poderíamos encontrar em Bruce Sprigsteen poderia ser mesclada com a alma de um palhaço, daqueles que choram, enquanto têm um sorriso pintado.
Sim, quem sabe... Talvez Sly pudesse ir por aí.
Não deu. "Rocky 2" foi a resposta a esse impasse. O resto é história.
Continuação de um bom blog.