sábado, 1 de março de 2008

o tédio...

Depois de um filme anterior fulgurante e cheio de belas rimas com um certo cinema americano que já existiu (sentia-se um cheirinho a Red River, visualmente e nas relações ambíguas), depois da consagração total, Ang Lee, fez o que deveria ter feito: voltou ao seu território, para assim afastar eventuais pressões.

A jogar em casa, Ang, com uma história de expiação, muito á cinema americano dos anos 70, tinha tudo para fazer um filme de um velho sábio, sereno e pungente.
E no entanto, no meu ponto de vista, Lust Caution, é o contrário de tudo isso: objecto chato, longo, incoerente, e totalmente falhado na dialéctica a que se propõe.
E é tudo isto ou não é nada disso.
Detenho-me em dois aspectos: a propalada fotografia do grande Prieto é afinal uma ilustração de porcelana que percorrerá e entediará todo o filme; a tal dialéctica de que falava, a oposição entre o subtil e misterioso jogo de sedução e de conspiração em confronto com as cenas de sexo é algo totalmente falhado: primeiro não são assim tão bem feitas, tudo se joga em ângulos de câmara mais virtuosos e menos suor e visceralidade (mesmo nessas cenas continua o veludo de Prieto).

Depois, ou Ang não sabe muito bem como pôr em cena estes jogos ou então confirma aquilo que já tinha deixado antever nesse terrível Hulk: cineasta sem algo próprio, sem marca, antes ilustrador de fascínios.
Nada vai buscar ao grande período onde estes filmes existiram (anos 70, sempre), nada opõe a esses anos. É tudo longo, falsamente misterioso, e com um jogo de tempos que não mais faz do que confundir e entediar.

A tal coerência de que falava, e que não existe, está na maneira como a câmara trabalha, fiquemo-nos na cena inicial: movimentos rápidos, espécie de pretensão de confusão, para tudo resvalar para um filme que não mais acaba e que não terá nem uma cena memorável.
As coisas positivas, são o par principal, principalmente a protagonista, numa interpretação fabulosa, ou a maneira como o background histórico funciona praticamente em surdina.

E não é que não goste, de todo, de Lee, O tigre e o Dragão e o seu filme anterior são filmes tão belos como pungentes.
Este é falhado, ou errante.

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