domingo, 9 de março de 2008

o caso Vasconcelos - parte II

“Faces era o nome de um dos primeiros filmes de Cassavetes. E o que seduz neste filme ‘pobre’ e ‘amador’ (como eram ‘pobres’ e ‘amadores’ os de Rossellini e Cassavetes), é precisamente o desejo de filmar os rostos dos actores, rostos de seres perdidos numa cidade melancólica e sensual.”

in http://www.arcofilms.com/lovebirds/solreview.html


…ponto limite. Não é que tenha algo contra o Bruno de Almeida, de resto vou ver o filme dele, por vários motivos: Michael Imperioli nos becos de Alfama e do bairro alto, a filha adoptiva de Robert de Niro, e acima de tudo a genial presença de Fernando Lopes.

Mais uma vez percebo a ironia do Vasconcelos, mas por favor, comparar, ou sequer evocar o nome de mestres como Rossellini (indesculpável) ou do revolucionário Nova-Yorkino é inadmissível, mais é: profanação.

Sabemos que no cinema de Rossellini , como dizia Bazin (penso eu, Sr. professor corrija-me se estiver errado): “o que era neo-realista não era o tema, mas sim a “mise en scene” era uma nova estética, algo possuidor de uma candura nunca antes vista.

Ou seja: era um estilo, se quisermos uma forma de olhar, que na altura era justa, útil, essencial, reactiva, no bom sentido do termo, e que – importantíssimo – de amador não tinha nada…

No caso de Cassavetes é melhor nem falar, era o fogo que animava aquela fúria, que fazia nascer aquela matéria, a mesma coisa que anima scorsese: a Chama.

Ora evocar estes nomes sagrados a propósito de um realizador que filma com uma câmara baratinha, uma narrativa intricada, mas sem uma grama da moral de Rossellini, por exemplo, e a “mise en scene”, basta ver o trailer, é algo como que fraquinha, é idiotice.

E a propósito de digital refira lá o cineasta das Fontainhas, melhor compare, e assuma o risível…a propósito da “mise en scene” o arrojo estético do Call Girl…enfim…

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