quarta-feira, 9 de abril de 2008

serenamente

Pode ou não parecer estranho mas este sempre foi o meu Ozu favorito, o que mais me tocou, o mais impressionante.
Pode até ser dos filmes em que a temática de Ozu mais se mostra literal – a oposição do novo (neste caso a televisão) ao velho (todos os valores tradicionais, familiares, enraizados, etc.) Mas surge aqui prodigiosamente, como sempre, tratado, com aquela visão e savoir far que só o maior dos mestres Japoneses tinha o segredo.
A birra entre os dois rapazes que querem uma televisão, e fazem de tudo para isso, e a família que se opõe e os vai castigando, mesmo sem querer e em finca-pé, é tocante.
E é um dos limites (e tantos houve) do estilo ascético, frontal, sereno, inimitável e reduzido ao mínimo, que tudo comporta. Tudo, naquele pequeno aglomerado de casinhas, naquelas idas e vindas para a escola (ai aquele fabuloso contra-picado, os miúdos e todo o céu) está todo o peso e gravidade de um mundo. Serenamente.

Ohayô, Yasujiro Ozu, 1959

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