


-''Mal visto, mal falado''.






Thief é simplesmente um Obra-prima, Collateral o maior dos ensaios para a maior das obras.
Como não tenho dúvidas que é neste fabuloso longo plano – reparem na data do filme, reparem – que, como disse um colega meu, Straub se apaixonou…é neste plano que vivem os planos de Costa (nas barracas ou fora delas), apaixonando-se também…um plano que em plena euforia da Nouvelle Vague já lhe indicaria um rumo. É preciso ver sempre este plano.
É esta a ordem de peso presente na banalíssima e tão fundamental conversa há beira-rio e entre dois charutos que a vida vive e que o cinema se salva. Questão de raccords.
















…aqui já não interessa por aí além, ou nada, a verdade já estava reposta, o crepúsculo atingido...mas, porque nos grandes autores há sempre "um", esta prodigiosa cena da luta final em Rocky Balboa é, juntamente com o último filme do Romero, o uso mais irónico e significante do digital, da altíssima definição, a sua critica e problemática. Como? Porquê? Para quê? Etc…






Classe tous risques, Claude Sautet, 1960. Sereno monumento sublime, a data é decisiva. Um ano depois do cúmulo do cinematógrafo segundo Robert Bresson, no mesmo ano de À bout de souffle – o que equivale a pensar em toda a nouvelle vague – sete anos antes de Le Samouraï de Jean-Pierre Melville, finais do período dourado do classicíssimo de Hollywood, dos grandes noirs, etc…
E já agora, nem falo do último, Sang sattawat, (Syndromes and a Century, 2006), mas onde está a Obra-Prima de Apichatpong Weerasethakul, Sud pralad (Tropical Malady), que até ganhou um prémio, num festival famoso há uns anos e que está constantemente a ser arrumado pelos distribuidores, a mudarem a data, a enganarem os cinéfilos, respondam?
Só hoje me pude deslocar ao cinema para ver um filme que muito ansiava, de um dos grandes cineasta vivos: George A. Romero.
Diary of the Dead é um grande filme, um fabuloso filme.
É, primeiro de tudo, o anti-Rec, aqui o dispositivo e a matéria de fundo juntam-se em estado de graça.
Grande filme parábola sobre o estado das coisas e das acções/anseios dos homens; grande metáfora/denuncia/autópsia sobre o killer instint desta nossa raça, e grande filme acerca– só comparável a Redacted, de Brian de Palma – da verdade e a manipulação de todas as imagens e de todos os signos, dando ainda umas potentes alfinetadas ás instituições (ás de cinema, principalmente) e ao desejo, tão inocente e infantil, da possessão e durabilidade de todas as coisas.
Mise en scene sóbria, cientifica, radical e sem nunca se pôr em bicos de pés, Romero nunca por nunca moraliza ou espetaculariza os eventos – é o mais justo e caustico dos filmes.
Sobre o mundo e sobre as imagens, sobre a realidade e sobre a manipulação. Sobre o novo e o velho.

...ou o formalismo que logo se dilui.
The Man Who Knew Too Much, Alfred Hitchcock, 1956



Estonteante delírio este cruzamento entre a anarquia de Carpenter e os bailados (muito cinema clássico americano, muito pintura, no sentido que Tarantino referiu) ala John Woo. A cena junto á ponte, em pleno Bronx, vale 100 Blade Runner´s.