quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Nova revisão de “25th Hour” (prai a sétima, há que deixar a marca), maybe, a big maybe, a obra-prima de Spike Lee e, juntamente com “He Got Game”, o meu favorito. Desta vez ficou-me o que James Brogan diz ao seu filho, Monty, durante o percurso que o levará a um inferno de sete anos na prisão. Tudo se passa ainda na cidade de Monty, que é a cidade de Spike: «Give me the word, and I'll take a left turn» sugere-lhe James, mas, Monty, tão destruído interiormente como exteriormente, diz-lhe que se fizer isso vai ser apanhado, fala-lhe do bar, etc., mas o pai repete-lhe: «Give me the word, and we'll go.»

Seguidamente entramos na sequência do sonho, ou, o último contra-campo impossível para aquela suspensão e aquele vazio em que as personagens habitaram todos os planos do filme. Todas elas desfilaram em perda, todas acabarão em perda. E num filme onde a palavra é quase sempre expelida com uma dose de violência atroz, esta foi a frase que desta vez mais ficou a ressoar em mim: «...came so close to never happening. This life came so close to never happening». Plano geral da saída de Nova Iorque, mais melancólica do que nunca, grande plano da cara esborrachada de Monty e…pum, negro para a saída do filme e para a consumação de um destino que jamais esteve em duvida. Tão urgente como a incontável dose de fucks defronte do espelho. Afinal, o que dói mais, o que impressiona mais: a catarse dos fodam-se, vão pró caralho, para este mundo e para o outro; ou então, a lancinante dor de estômago e esse mal-estar causado pelo abismo que se aproxima? Condenar toda a gente à danação eterna ou constatar que quem está fodido, literalmente, é ele mesmo? Impossível não me rever, eu e quase toda a gente. Give me a fucking break! É o ponto alto de um grande cineasta.

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