O que distingue o filme de Eustache do dos seus contemporâneos, em particular Truffaut (
Les Mistons,
Les 400 Coups,
Argent de Poche) é uma certa “secura” de tom, que deriva mais do desencanto do que uma atitude. A infância não é esse paraíso perdido, e sim um doloroso momento de transição. Não é doce (daí a irónica inclusão, a abrir, da canção de Charles Trenet “Douce France”), e sim amarga. A memória não é a da inocência e sim de uma “incompletude”. A nostalgia nunca foi o que se disse, e sim o desejo de outra coisa que não se cumpriu. A descoberta não é só a da vida, mas também a da frustração e da morte.
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