quarta-feira, 23 de julho de 2008

VISCONTI

Acabo de ver Le Notti Bianche de Visconti. Monumento impressionante. Estou pasmado com a beleza, a modernidade e a experimentação do filme.

Quanto à beleza, ela é, como em todos os filmes do italiano, superlativa. Para arrumar a questão – um Senso a preto e branco.
A modernidade está no modo como se faz a transição para os flashbacks – ou como não se faz – um contracampo e já lá estamos, num tempo outro, passado.
Também ali temos qualquer coisa – nas imagens e nos sons que parecem sempre a diluir-se pelas bordas – uma espécie de ambiguidade em relação à divida teatral, e como tudo parece tão teatral nestes estúdios húmidos e escorregadios.
E finalmente, é de um experimento incrível, onde parece não haver A Narrativa, sim um monte de situações singulares que pensam e confundem a dualidade da paixão – racionalidade e loucura.
Estes factores, e outros, produzem uma ambígua sensação surreal, estranhíssima, um quase deslocamento que quase desloca o ecrã.
Filme onde até o milagre final irá ter outro desfecho. Já valia por isso.

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