quarta-feira, 23 de julho de 2008

por hoje isto (sobre o filme de Padilha)

Não é o suposto “fascismo” de “Tropa de Elite” que incomoda, nem essa é uma acusação inédita: incidiu, por exemplo sobre “Táxi Driver” ou sobre o Clint Eastwood de “Dirty” Harry, se bem se lembram, filmes com personagens em que ardia a obsessão de limpar a cidade que no seu tempo foram vistos como incitações à violência. Ou por outra: não há mal que isso incomode, porque caberia a “Tropa de Elite” ser o espelho de uma turbulência do seu tempo, de impulsos contraditórios onde o desejo de justiça se transforma num – fascizante – impulso purificador, o das tropas especiais que lutam contra o tráfico de droga nas favelas do rio. Deveria, então, ser complexo, contraditório. Mas é isto que incomoda, e fragiliza o filme, tornando-o irresponsável: a banalidade cinematográfica, a grosseria telenovelesca disfarçada de ferocidade realista. Sem “pathos”, na realidade.

Vasco Câmara

5 comentários:

bruno andrade disse...

Uma prova, se provas ainda fossem necessárias, de como a crítica brasileira é superficial, provinciana, tacanha e mera refém de eventos locais.

Ainda bem que este maldito filme saiu do Brasil; melhor ainda que tenha vida inteligente fora deste mesmo Brasil.

bruno andrade disse...
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bruno andrade disse...

Esqueci "histérica".

Felipe Medeiros de Morais disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe Medeiros de Morais disse...

Na mosca.

Também gostei bastante do texto do Júnior na Cinética.

Sobre a crítica brasileira, acho que outro grande problema consiste em atirar entulhos demais por sobre o Essencial.