Alias Nick Beal, John Farrow, 1949
John Farrow, o artesão da fundição “The Big «pichas murchas» Clock”, escaldou em 1949 o mito de Fausto, as escrituras sacro-profanas e todas as teorias do travestismo do demónio na mascarada e no bacanal New Age para atormentar o classicismo mais vertical e humanista que Howard Hawks alguma vez tocou - Thomas Mitchell. Ray Milland ostenta no seu lado negro os esgares, a subtileza e o magnetismo do demónio e em “Alias Nick Beal”, sem esforço, vira o certo e o errado do avesso, até a bíblia sagrada meter ordem nas coisas por alguns momentos em last-minute-rescue. Sem delongas, sem pré-aviso sinfónico nem estereofónico, sem lógicas terrenas ou argumentistas, as suas aparições à P. T. Barnum em negativo surgem literalmente do nada abissal. Se o acordo capital com Mitchell falhar, a ilha das almas perdidas está à espera deles...
John Farrow, o artesão da fundição “The Big «pichas murchas» Clock”, escaldou em 1949 o mito de Fausto, as escrituras sacro-profanas e todas as teorias do travestismo do demónio na mascarada e no bacanal New Age para atormentar o classicismo mais vertical e humanista que Howard Hawks alguma vez tocou - Thomas Mitchell. Ray Milland ostenta no seu lado negro os esgares, a subtileza e o magnetismo do demónio e em “Alias Nick Beal”, sem esforço, vira o certo e o errado do avesso, até a bíblia sagrada meter ordem nas coisas por alguns momentos em last-minute-rescue. Sem delongas, sem pré-aviso sinfónico nem estereofónico, sem lógicas terrenas ou argumentistas, as suas aparições à P. T. Barnum em negativo surgem literalmente do nada abissal. Se o acordo capital com Mitchell falhar, a ilha das almas perdidas está à espera deles...
Mas
essa ilha percorre e contamina todas a neblinas e nevoeiros
adormecidos que ressuscitam das águas e de por baixo das árvores na
clandestinidade das leis e das políticas, neste mesmo mundo onde nos
é escancarada numa plasticidade de impressionismo francês a
la
Dimitri Kirsanoff ou Marcel L'Herbier que um corpo morrendo e
reencarnando as vezes sem conta que o mal maquinar, num parlamento ou
numa negociata rural corriqueira, a fundação original permanecerá
à espera também de voltar a ser acordada, pelo que quem credita que
está a fazer o mal julga que está pelo bem e vice-versa, sendo essa
a tragédia. Na densa cegueira, apenas o apelo ao vulcão inicial e
único que certa vez nos abalou e nos fez nascer novamente,
prossegue, neste caso, as mulheres e um espiríto tão clínico como
santo.
“Alias
Nick Beal” unifica em guerra, entre tantas coisas, o fogo de Jean
Renoir e a frieza de Cocteau, para não ir à americana danada de
Flannery O'Connor, volvendo-se um dos cúmulos da liberdade
cinematográfico, mesmo que vendido por film noir ou crime
movie saido da fábrica de sonhos familiar. No seu molde fabril,
à espera de uma solidificação outra, a convulsão em bruto explode
para onde calha. Mas, para lá da esfera da arte, imaginem o que
seria em tempos um anjo bom descer e tornar um Cavaco Silva humano,
ou agora mesmo um diáfano qualquer tornar um Trump honesto, a quanta
massa de gente isso assustaria?
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