The Bad News Bears, Michael Ritchie, 1976
Em “The Bad News Bears” pouco ou nada se aprende, isto é, se
só tivermos em conta os preceitos dos sociólogos canónicos, dos ministérios de
educação oficiais, dos grandes pedagogos de secretária, dos partidos
conservadores da boa consciência familiar e patriótica... da lengalenga
determinista... Na abertura o treinador e atleta falhado de Walter Matthau é
enleado por uma luz espessa, brilhante mas perfurada por demasiada granulação
da película para tudo se poder acreditar
harmónico; no final, ele e a sua equipa de petizes vão acabar a beber cerveja
no primeiro lugar dos últimos. A harmonia é apanhada em linhas convulsas. Pois
esse treinador que contrata a sua talentosa «filha» para a quadra de
basebol não com palavras belas ou pelo falar de almas entrelaçadas, mas sim por
largar umas notas para o que ela realmente almeja, jamais trata a criançada de
modo inferior, infantil ou apalhaçado mas sim com trejeitos tão severos como se
fosse meter um Mickey Mantle na linha.
É essa a inteligência que não o faz prescindir da sua
personalidade nem das crenças que a vida vivida ensinou mas antes fazer
perceber aos novos demais da pureza disso mesmo – mesmo nas contradições, mesmo
nas falhas. Fidelidade, e complexidade, tanto no bailado cénico que conjuga
Georges Bizet com a magia e os milagres dos tacos e do swing puramente
americanos que Walt Whitman cantou, como nos pactos calados entre aquele
balneário que é um mundo – raparigas, mexicanos, bêbados, bons corações –
sempre em genuína evolução e irmandade: modernidade para lá dos rótulos e
cadernos de encargos, um por todos e todos por um, mais vale quebrar do que
torcer, incluindo no momento da falha técnica e humana no jogo ou para lá dele:
sempre em recomposição e aprendizagem, a tentarem perceber, como as bolas
curvas, do que trata a tal da existência plena. Michael Ritchie, considerado
nos compêndios um realizador de terceira, atingiu nesta simplicidade de afectos
e instintos quase todos os modos e géneros do cinema americano. Como quem não
quer a coisa e não larga o osso. Brilhante e terno como a espantosa e perfurada
luz iniciática das origens, lídima estripada.
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