terça-feira, 21 de novembro de 2017



E por falar em filmes e amigos... "Magic & Bird: A Courtship of Rivals" pode ser um tão belo filme sobre a amizade como o "Rio Bravo", o "Ed Wood", "Pat Garrett & Billy the Kid", "Scarecrow", "The New Centurions", “The Big Chill”... "Xavier"... Frank Borzage...

Uma amizade permanente e eterna que não precisa dos encontros diários, da rotina ou do picar do ponto... Magic e Bird, os dois seres mais diferentes do planeta terra, com uma conexão que só eles podem entender.

Nas guerras dos jogos ou nos problemas fora deles, nos MVPs arrancados a ferros ou nas doenças que chegam pela calada da noite como a morte, respeitando as diferenças e não forçando nada, a mais genuína das amizades, até ao túmulo.

E é já Ezra Edelman em 2010 a preparar a obra-prima que chegaria com "O.J.: Made in America" - do indivíduo por ele mesmo à sociedade inteira, do quintal aos cinco continentes, da pequena história ao grande arco narrativo, da fantasia ao real, da liberdade à moral como das leis à justiça, tudo é uno e inseparável, complexo e complementar, como o branco e o negro para o arco-íris completo; daí que um ser-humano é mesmo um outro, culpas e redenções para cada qual.

Não há nada de simplismo televisivo antes tudo de grandeza cinematográfica: a transfiguração e o segredo, a inteligência e a emoção; montar, resgatar, fixar, resvalar. Usar o arquivo é encenar tanto como filmar, tão fake ou tão visceral como, assim como entrevistar é criar personagens - o que se augura, como nos biliões de palavras de um Thomas Wolfe, é a luzinha da verdade inegociável, essa chama inteira de repente, clara e devoradora, dourada agulha no palheiro. Que num segundo ou em vários é tão luminosa como um poema breve de Eugénio de Andrade.

A beleza é a verdade e a verdade é a beleza, num triplo de Bird, num passe por detrás das costas de Magic ou nas lutas de emancipação seculares e justas de todos os povos conhecidos e desconhecidos. Belíssimo humanismo.

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