sexta-feira, 17 de maio de 2013

Carta de Camilo Castelo Branco a Francisco Gomes de Amorim (1827-1891)

Meu Caro Gomes de Amorim

De acordo. Nada de banhos. Ando de terra em terra há 15 dias. Em Braga respiro melhor; mas as pulgas são aos cardumes por aquelas estalagens – pulgas antigas, coevas dos Bartolomeus dos Mártires e Caetanos Brandões.
 Se tu pudesses vir estar em minha casa fazíamos uma choradeira recíproca. Não te peço que venhas, porque eu sei o que é um doente sem a sua família. Esta aldeia não tem noras gemebundas, nem a caracterização estúpida e sarracena dos arredores de Lisboa. Sabes como é o Minho: árvores, água, frio, bois e padres.

Estou tomando leite de burra (Creio nela por ser burra.)

Os doentes deste país devem ser-lhes caros.
Os meus respeitos a tua senhora e afetos a teus filhos....

Vai-te, demónio da saudade.
Adeus


Dispõe do teu
C Cast.o Br.co


3 de Junho 74.

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