Carta de Camilo Castelo Branco a Francisco Gomes de Amorim (1827-1891)
Meu Caro Gomes de Amorim
De acordo. Nada de banhos. Ando de terra em terra há 15 dias. Em Braga respiro melhor; mas as pulgas são aos cardumes por aquelas estalagens – pulgas antigas, coevas dos Bartolomeus dos Mártires e Caetanos Brandões.
Se tu pudesses vir estar em minha casa fazíamos uma choradeira recíproca. Não te peço que venhas, porque eu sei o que é um doente sem a sua família. Esta aldeia não tem noras gemebundas, nem a caracterização estúpida e sarracena dos arredores de Lisboa. Sabes como é o Minho: árvores, água, frio, bois e padres.
Estou tomando leite de burra (Creio nela por ser burra.)
Os doentes deste país devem ser-lhes caros.
Os meus respeitos a tua senhora e afetos a teus filhos....
Vai-te, demónio da saudade.
Adeus
Dispõe do teu
C Cast.o Br.co
3 de Junho 74.
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