sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Não me interessa nada, pelo menos neste sentido, das lutas entre Peckinpah e os produtores. "Major Dundee" é um filme impecável. É tão vibrante, e cheio de movimentos e crenças opostas, como os primeiros Scorseses. É um prodígio na maneira como capta a paisagem e como vê sempre as personagens esbatidas contra o céu. Bastante materialista e sólido neste sentido. Fordiano também.
Mas depois, nas cenas de lutas ou em certas tensões, Sam já não foge à sua natureza, a aí o filme explode, estilhaça-se, muda o tom.
Ou seja: já se sente o tom ultra violento e iconoclasta que vai chegar, em filmes posteriores, mas existe uma inserção e reconhecimento de um legado cinematográfico e americano que o cineasta respeita perfeitamente. E é nesta atitude que surgem momentos singulares e de pura ternura, e tornam Peckinpah fundamental na passagem do clássico para o moderno.

E está cheio de personagens tocantes e complexas, cheia de gente que podemos reconhecer. Já agora, é esta a razão porque prefiro Sam a Leone, por exemplo. Aqui há realmente um coração, lirismo, e não só ironia. E os gestos vão directos ao coração.

3 comentários:

Luís A. disse...

Grande análise a um grande e mal tratado filme. Um dos meus favoritos do Heston (que ao que consta andou à batatada com Peckimpah durante a rodagem).

José Oliveira disse...

ahah...homens de cepa riga. Mas também ouvi dizer que Heston abdicou do seu próprio salário para Peckinpah poder finalizar a rodagem.

Luís A. disse...

é verdade. O que só demonstra que Heston , não era nenhum parvo. Aliás, foi um dos que mais se insurgiram contras as "mudanças" que os sempre iluminados produtores, fizeram a esta obra.
Mas o peckinpah, além de um cineasta como poucos, era cá um bandido....