segunda-feira, 8 de setembro de 2008
o fogo...
Para "Written on the Wind", de Douglas Sirk, serve a metáfora do explosivo (ou da bomba). Existem as que têm rastilho, e logo demoram um pouco a explodir (vê-se muito bem no Tom and Jerry), e as de rápida detonação (nos filmes do Leone é às carradas).
A mesma coisa com os filmes. Existem os que demoram a aquecer até estourararem violentamente (no género temos o também fabuloso "Some Came Running" do Minnelli) e os que explodem na abertura.
E acho que nunca vi um filme a pegar fogo tão rápido como "Written on the Wind". Ainda estamos no logótipo da Universal e já sentimos os graus nos limites. Primeiro plano – um carro velozmente a rasgar a paisagem do inferno do deep south americano, dentro dele o fabuloso Robert Stak em direcção à gigantesca mansão onde irá acontecer a tragédia.
Temperaturas do ar altíssimas, movimentos a rasgar as demenciais composições e os demenciais enquadramentos, toques e sinais de lirismo como prenúncio do caos.
É o meu início favorito de qualquer filme e é, sem dúvida, uma daquelas obras que hoje em dia põe tudo em causa.
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