Insisto. O filme verdadeiramente fundamental deste ano (Resnais, Rohmer, também são cruciais…), aquele que recorda o que foi o cinema e o que pode verdadeiramente ser, o que põe certas coisas essenciais no lugar, bem como um dos raros que nos faz sentir, na cena, o pulsar do mundo e todas as suas incertezas, saliências, rugosidades, etc. Bem como o verdadeiro filme experimental, clássico e político (toda em off, como escreveu Andy Rector), saiu em DVD, custa apenas 10 € (metade de uma ida ao cinema). NE TOUCHE PAS LA HACHE, de Jacques Rivette, é redefinidor e, talvez por isso, foi ignorado pelas salas de cinema.
Fica o texto de Francis Vogner dos Reis, quem não perceber por aqui não vai perceber nunca.
Mas essa noção de “classicismo” nada tem a ver com qualquer investida reacionária que pede que a roda da história volte e recupere uma mise-en-scène padrão, reconciliada e ideal. Muito pelo contrário. O caráter romanesco e teatral de Não Toque no Machado exige dessa proposta dramática e estética tudo o que ela pode dar em sua radicalidade, o que naturalmente vai transcender qualquer tentativa de categorização, descrição ou sistematização de seus meios e efeitos. É nessa zona indiscernível em que se dá o cinema – e em especial a obra-prima de Rivette – e é nela que ele é único.
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