sexta-feira, 14 de novembro de 2008


“Terror in a Texas Town”, 1958 (estava a acabar...), é outro filme impressionante de Joseph H. Lewis. O título é todo um programa de horror e é exactamente isso que vamos encontrar nos 80 minutos deste Western singular. Singular, tão singular como os seus inclassificáveis noirs e géneros afins. "Wagon-Wheel Joe", a carinhosa alcunha posta pelos montadores dos estúdios, por causa das suas composições tantas vezes conterem raides (de carroça) que ocupavam grande parte do plano, e que “não colavam com nada” (diziam eles), fixa-se mais uma vez num género tão codificado para o implodir e para o fazer vibrar como poucas coisas análogas vibram, estremecem.
A investida, numa história que se assemelha a tantas outras do velho oeste, é tratada por uma mise-en-scène que parece estar a dar conta de um filme negro ou de qualquer policial puramente citadino, sujo e viscoso (pensem em Preminger e merecem um "that's it!" ).
Repare-se nesses frames ali em cima (ou noutros exemplos melhores) e constate-se o ruído na imagem, a disposição das personagens, o seu posicionamento no quadro, derivante dos mistérios dos noirs, o preto e branco languidamente contrastante, bem como uma découpage e uns enquadramentos, ao mesmo tempo tão clínicos como nervosos, que não podem fazer parte da história e do legado de género tão mistificado.
É um objecto de ambivalências múltiplas, tanto no projecto estético e formal – pois apesar da fêvera há muitas coisa e muita paisagem directamente nascida de Ford, Hawks ou Walsh – como na tocante personagem de Sterling “Johnny Guitar” Hayden, indivíduo atingido por algo brutal e apanhado em eventos rocambolescos, que não percebe muito bem (embora perceba sempre à frente do “local people”), calmíssimo, quase letárgico, mas num paroxismo que o fará explodir, numa daquelas sequências em que digo imediatamente que Lewis é tão mestre como qualquer um dos que se possa citar.
E é bruto e é comovente, o que forma um dos melhores paradoxos.

1 comentário:

Unknown disse...

Joseph H. Lewis foi um dos mais brilhantes realizadoes da década de 50 e do "cinema noir".